Escritores de diversos povos indígenas, entre eles Xavanti, Kaingang, Munduruku e Guarani se reuniram hoje (12), no Rio de Janeiro, para participar do 10º Encontro de Escritores e Artistas Indígenas. Eles usaram o auditório do Centro de Convenção Sul América, na cidade Nova, centro do Rio, para um momento de troca de informações e de demonstração da cultura de cada povo presente.
Além da leitura de textos de livros publicados, eles puderam passar para os participantes do encontro as diferentes formas de pintura corporal, que varia conforme o povo indígena, sexo ou motivo de comemoração. Entre os indígenas, a escritora, advogada e a primeira índia mestre em direito, Fernanda Kaingang, classificou o encontro como um fato histórico. “É uma oportunidade de exercer a multiculturalidade do Brasil em verso e prosa, canto e dança, de forma muito rica na literatura brasileira”, disse.
Ela ressaltou que nos livros que publica procura passar a cultura kaingang, que, para a escritora, é um povo guerreiro, valente e que sobreviveu. “Durante muito tempo havia a resistência dos adolescentes em se pintar, as crianças não queriam sair no 7 de Setembro [data comemorativa da Independência do Brasil] pintadas. Então, este projeto é resultado de uma reviravolta. Eles já reproduzem os desenhos em roupas e pinturas corporais e desfilam com orgulho dizendo: eu sou kaingang”, declarou.
Para Cristino Wapichana, organizador do evento, dez anos depois o seminário ganhou uma outra dimensão e está mais maduro e isso faz com que as publicações estejam em nível melhor. “Este décimo encontro é um marco porque, nos nove anos, nós trabalhamos com um núcleo de escritores indígenas. Como um núcleo tem mais dificuldades de captar recursos, decidimos criar uma associação de escritores indígenas”, explicou.
Daniel Mundukuru, diretor-presidente do Instituto Uka – Casa dos Saberes Ancestrais, doutor em educação pela Universidade de São Paulo (USP) e criador do encontro, disse que os dez anos coordenando o seminário representaram um aprendizado muito grande. “A gente teve que aprender muitas coisas e foi percebendo a importância de trabalhar com qualidade editorial para que o livro seja uma obra de arte, muito mais que um objeto. Com o tempo, percebi que era possível chegar a um nível profundo para oferecer à sociedade brasileira um novo olhar para os povos indígenas”, ressaltou. Daniel é autor de 47 livros de literatura indígena.
Agência Brasil
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