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Todo bom regime totalitário que se preza, tem um controle rígido do que seus cidadãos podem ler, ver e fazer. É assim na China, onde qualquer publicação ou programa de rádio e televisão tem que ser previamente aprovado pelo “partido”; era assim na antiga URSS; onde cada movimento dos cidadãos eram monitorados cuidadosamente. E era assim por aqui também; na época da ditadura militar, onde livros, músicas, novelas e qualquer produção intelectual tinham que passar pelo crivo dos censores. Adolf Hitler e sua Alemanha Nazista ficaram célebres por suas pilhas de livros, discos e outras coisas produzidas por “não arianos” que eram incineradas em praça pública.
E, o mais interessante, é que esse tipo de coisa começa sempre devagar. “Na manha”. Chega alguém, fala mansamente ao “pé do ouvido” de outro alguém e diz: “Isso não é muito bom para nosso povo”. Se esse “alguém” entende a mensagem e suspende o que “não era bom”, tudo fica na mais perfeita paz. Mas, se por algum motivo, ele não se enquadra e não admite a interferência; logo pés derrubam portas na madrugada e algumas pessoas somem.
É assim que funciona nas ditaduras. Sejam de esquerda ou de direita; militares ou civis. O livre pensamento e a livre opinião são armas poderosas e devem ser combatidos a todo custo. E, nada mais poderoso para fomentar o livre pensamento e uma opinião própria do que as produções culturais.
Um exemplo claro e inequívoco disso foi dado esta semana por Hugo Chávez na Venezuela. Sempre se dizendo um democrata, Chávez fechou uma emissora de televisão por supostos envolvimentos com opositores de seu regime. Limita e controla as publicações impressas em seus países e agora, “solicita” a um canal de TV particular que retire do ar o desenho “Os Simpsons”. Justamente com a desculpa de que “não era bom para o nosso povo”. Bom ou mal, quem deve decidir se um programa pode ser assistido ou não, é o próprio telespectador. Se determinada programação não lhe agrada, não assista. Mude de canal ou desligue a televisão. Quando o governo passa a decidir o que “é bom ou não” para o cidadão; brevemente ele começará a decidir quais livros devem ser lidos, quais filmes assistidos, quais roupas serem usadas e o que você deve pensar e dizer.
É muito fácil tomar as rédeas de uma nação e tornar-se um ditador. Basta que pequenas coisas sejam feitas no dia a dia e ninguém se manifeste contrariamente. Assim, aos poucos, você vai aumentando o controle e, de repente, já tem tudo em mãos e controla até os desejos mais íntimos de seu povo.
Chávez é assim. Sorriso fácil; falante e cheio de trejeitos tem o perfil clássico do ditador latino. Age nas sombras e abertamente com a mesma convicção e facilidade. Corrompe, usa e abusa dos meios de comunicação de massa com grande habilidade e conhecimento. O melhor exemplo disso é seu principal membro da comitiva presidencial. Um elemento insuspeito e que acompanha o presidente a todos os eventos e países por onde anda. Um homem que tem por função… abraçá-lo.
Assim, usa a presença da imprensa dos países aonde vai, para demonstrar como é “amado” por seus compatriotas, mesmo nos lugares mais distantes. Tais métodos, já foram usados por inúmeros ditadores ao longo da história.
Infelizmente, a tentação do poder e a fraqueza das instituições democráticas latinas são tão grandes que muitos países recém libertos das garras do autoritarismo, ainda são presas fáceis para oportunistas e aventureiros de plantão. Aliados a baixa escolaridade, ao baixo interesse pela política e a passividade das sociedades locais; as instituições democráticas frágeis e os políticos corruptos encontram um terreno fértil e próspero para seus arroubos de intolerância e fanatismo ideológico.
Muito mais que o direito a assistir, ler, usar, falar e agir; devemos prezar o direito a pensar. Devemos amar, mais do que qualquer outra coisa, o direito a sermos e pesarmos como quisermos. Sem que ninguém tenha que dizer o que podemos ou não fazer ou sentir.
Liberdade acima de tudo. Sempre.
E você leitor; o que pensa disso?
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Texto originalmente escrito em: Visão Panorâmica
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