DÍVIDAS, DIVIDENDOS E A INUTILIDADE.

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D?vida externa.

Desde que eu era uma criança, ouvia as conversas dos mais velhos sobre a “Dívida Externa”. Era algo como se o próprio demônio se materializasse em cada lar brasileiro e possuísse a alma de cada cidadão. Choviam manchetes do tipo: “O Brasileiro nasce devendo”X” per capita.”

O sonho de qualquer um era ver o dia em que o Brasil pagaria sua dívida externa, que era também apontada por todos os governos, como a principal razão de nosso atraso tecnológico e das más condições de vida do brasileiro. Tudo girava em torno dessa desculpa. Até mesmo o salário mínimo pagava o pato em relação a ela.

Economistas passavam horas intermináveis debatendo fórmulas mirabolantes que proporcionassem uma forma de acabar com o “flagelo do Brasil”. Autoridades internacionais acenavam com a possibilidade de perdoar a dívida e nossos governos abanavam seus rabinhos e arregalavam os olhos de satisfação. Anteviam o paraíso terrestre que, o pagamento da dívida externa, faria brotar em nosso país.

Muitos anos se passaram. Hoje eu tenho quarenta anos e, finalmente, as manchetes de todos os jornais clamam: “Brasil já pode pagar a dívida externa à vista”.

Maravilha! Ao ver essas manchetes e ouvir os comentários exultantes no rádio e na televisão; corro maravilhado para ler mais a respeito da notícia do século. Afinal, gerações de brasileiros nasceram, viveram e morreram sob a égide maldita dessa dívida. Crianças não mais nascerão devendo “X”. Agora, elas nascerão CREDORAS de “X”.

Enquanto caminho trôpego em direção a pilha de jornais que me aguarda; ligo meu computador para varrer a Internet atrás de informações de última hora. Imagino em meu íntimo as pessoas cantando e dançando nas ruas. Os economistas delirando e babando sobre seus livros de economia. Projetos há vários anos engavetados agora renasceriam de suas cinzas empoeiradas e transformariam o Brasil na maior nação da Terra. O paraíso se deitaria em nossas terras tupiniquins e todos nós passaríamos a ganhar o suficiente para vivermos tranqüilos e em paz.

Ligo o computador e a primeira matéria que vejo é: “Por que o Brasil não pode pagar a dívida externa?”

A explicação é simples: Se pagássemos a dívida, ficaríamos vulneráveis a um problema externo. E o país correria o risco de um colapso. Pois o maior problema não é a dívida externa; e sim a interna.

Imediatamente, toda a sorte de maravilhas que minha mente pueril criou, cai por terra instantaneamente. Percebo claramente que toda a conversa em torno da dívida externa que ouvíramos por décadas; era mentira. Como sempre; o FMI, a dívida externa e, agora a dívida interna, não passam de desculpas esfarrapadas para que nossos políticos sejam incompetentes; preguiçosos; relapsos e corruptos.

Depois de tantos anos acreditando em uma coisa que todos diziam ser a solução, descubro que todo aquele sofrimento e esperança eram inúteis. E hoje me sinto envolvido por um redemoinho nebuloso e surreal que me traga para um universo paralelo.

Talvez lá, os políticos sejam menos idiotas.

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Texto originalmente escrito em: Visão Panorâmica
ESN: 16675-080201-838850-87

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DÍVIDAS, DIVIDENDOS E A INUTILIDADE.

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