Diário de Bordo – Parte 2 – O nome dela é Morgana

Na sexta-feira à noite, depois das apresentações na Escola Experimental, a Bisa nos levou à ladeira do Garcia – mais precisamente ao Aconchego da Zuzu, uma professora que já passou dos 100 anos. Degustamos delícias da culinária baiana.

Ao voltarmos para o Hotel Catharina Paraguaçu, o telefone do Sala toca. Era a Morgana Dávila, museóloga e atriz, uma figura simpatissíssima e engraçada nos convidando a um passeio pelas ruas alegres do Rio Vermelho – como diria o Salatiel “a Vila Madalena de Salvador, mas só que com praia”. Local perfeito para a celebração da vida.

Todas as tribos têm o seu espaço. Entramos numa livraria muito legal, a Tom do Sabor, com suas prateleiras – impecavelmente – brancas. Realmente agradável. Numa sala ao lado acontecia um show com um artista de Santo Amaro, o qual me fugiu agora o nome.

Depois dali rumamos para a Casa da Mãe, nos aconchegamos do lado de fora – de cara para o mar – e pedimos uma cerva e as pessoas foram chegando: primeiro o Dôdô, um sujeito doce. Depois artistas locais: atores e músicos e gente disposta a voar.

A noite começou.

Meu Deus! Aquele homem, de cabelos longos, sacou o seu violão e começou a tocar. Um violonista costarriquenho radicado em Salvador há 20 anos. Morgana logo nos falou quem era o homem: Mario Ulloa. Um gênio do violão. O cara é de uma simplicidade e generosidade que enchem os olhos e os ouvidos de qualquer um. Mario tocava o seu violão, ali, naquela calçada irregular do bar, como se estivesse num dos palcos do mundo onde costuma se apresentar. Tocava com alma.

Coisa linda aquele momento. Eis a graça de viajar de graça. O homem em harmonia com o seu instrumeno, enquanto a lua nos filmava lá do alto do céu de Salvador. Resolvemos comer alguma coisa antes de dormir. Na praça ventava muito. Os cabelos compridos da Morgana eram soprados pra lá e pra cá adquirindo formatos diferentes. Como boa atriz que é, a mulher começou a fazer caras e bocas. Uma coisa hilária, só vendo!


E o nome dele é Mario Ulloa

A nossa amiga sabe ser leve e dá à vida o tom do seu humor. Por falar nisso, ela é produtora da comédia musical mais escrachada do ano em Salvador: Bocket Show – um espetáculo que acontece todas as quintas no Restaurante Póstudo.

Rolamos de rir com as molecagens e histórias engraçadas da Morgana. Ficou a sensação de que esta soteropolitana era nossa amiguinha desde a infância. Como cantou Caetano: “gente é outra alegria, bem diferente das estrelas”. Salvador deixou saudades.

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