Charme? Não tenho. Educação? Longe de mim ser educado. Numa hora dessas só sendo às avessas mesmo pra suportar as coisas da vida. As coisas da vida? É. As coisas da vida… A vida nos experimenta, nos espreita, nos peita. Como assim? Ah, que chatice tudo você quer uma explicação! Me deixa vai. Vou por aí, sem rumo. Vou ao vento, no sol, na chuva. Vou de carona na noite mais quente do ano. Se estou bem? Que pergunta! Estar bem ou mal nada significa – pelo menos pra mim. Terapia? Tá louca! Conselhos, conselhos quem os precisa? Não estou esnobando, não é isso. Só quero que me deixe em paz. Se há paz no inferno? Sinto que o nosso problema não é de ordem emocional, mas sim semântico. O que você chama de inferno não tem nada a ver com o que sinto e o que sinto agora é uma coisa só minha, indivisível, intransferível. Tristeza? Ao que eu saiba ainda não é proibido ser triste, o que deveria ser proibido é a bisbilhotice gratuita, a invasão. Grosso? Sincero. Não quero machucar ninguém. Só quero dar uma volta. Só isso. Dar uma volta.
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