Brasília – A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) da Organização das Nações Unidas (ONU) e a Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) farão uma auditoria – do dia 25/01 até o dia 3 de fevereiro – para verificar as instalações das Indústrias Nucleares do Brasil (INB) e a qualidade da água da região. O pedido de auditoria foi feito pela própria estatal que é suspeita de contaminar com radioatividade parte da água consumida pela população da cidade baiana de Caetité.
O consumo de água em três pontos da cidade foi proibido após notificação do Instituto de Gestão das Águas e Clima (Ingá), entidade ligada à Secretaria de Meio Ambiente do estado, apontando índices de radioatividade superiores ao permitido pelo Ministério da Saúde.
Dois pontos estão localizados na sede da INB. O terceiro, um poço utilizado para abastecimento de 15 famílias, fica na prefeitura do povoado Barreiro, zona rural de Caetité.
Em resposta, a INB divulgou uma nota afirmando que “dois dos três poços notificados pelo Ingá estão dentro da unidade da INB e são utilizados somente para fins industriais”, e que o o poço de Barreiro “fica a seis quilômetros da mina de urânio, não sendo possível pelo caminho natural das águas ter tido contato com material proveniente da sua unidade de produção”.
A nota afirma, ainda, que pode ocorrer aumento das concentrações de urânio nas águas subterrâneas do município de Caetité, uma vez que existe uma grande reserva natural de urânio na região.
“Não é a primeira vez que esse tipo de denúncia é feito em Caetité. Em outras situações apresentaram inclusive dados falsos que não foram confirmados em análises posteriores”, disse hoje (25) à Agência Brasil o presidente do Cnen, Odair Dias Gonçalves, referindo-se a denúncias feitas em 2008.
No caso do poço de Barreiro, Gonçalves garante que “não há como a contaminação ter sido causada pela INB”. Ele explica que o curso da água passa primeiro na localidade e, só depois, na empresa, a caminho do mar.
“Caetité é uma região uranífera. Com isso, naturalmente, pode vir a apresentar, em alguns pontos, traços de água com índices de radioatividade mais altos. Isso é perfeitamente normal”, acrescentou.
Segundo ele, a população “não precisa se preocupar” porque a Cnem tem um programa usual de inspeção de postos. “De qualquer forma vamos medir novamente o índice de radioatividade desses pontos, mas sem partir do pressuposto de que os números [apresentados pelo Ingá] sejam verdadeiros”, disse Gonçalves.
Por meio da assessoria, o Ingá isse não ter como afirmar, ainda, a origem da radiação, e que ao instituto cabe apenas notificar as autoridades de que a água não estaria própria para consumo.
Pedro Peduzzi
Repórter da Agência Brasil