ESN: 16675-080201-838850-87
Todo regime totalitário procura se manter no poder semeando a discórdia a desconfiança e o medo. Primeiramente eles fazem isso em seu próprio território, aterrorizando seu povo e fazendo com que o clima de desconfiança chegue a tal ponto que os filhos acabam entregando os pais se acharem que estes últimos “tramam contra o regime”.
Sempre que opino aqui sobre as peripécias apocalípticas de Hugo Chávez, há sempre quem o defenda dizendo que ele é o “Último Grande Herói Sul Americano” e o único capaz de deter a “sanha imperialista dos EUA”. Argumentam que chamar Chávez de ditador é um absurdo. Pois o mesmo foi eleito e é apoiado pela Assembléia Legislativa de seu país.
Pois é; me acusam de simplista e de superficial nessas análises. Mas, na verdade, quem pensa assim é que é verdadeiramente o simplista e o superficial. A história da humanidade está recheada de ditadores que cometeram as maiores atrocidades contra seu povo e contra outras culturas humanas; cujos governos desastrosos foram sempre iniciados com o total apoio popular e um pesado respaldo político das lideranças de seus países.
Nem é preciso mergulhar-se nos âmagos sombrios da história antiga para ver isso. Basta recuar muito pouco no passado. Adolf Hitler, Mussolini, Stálin e Pol Pot. Mesmo esses três últimos não tendo sido eleitos pelo povo; foram eleitos segundo as normas políticas vigentes em seus países e com grande apoio popular. Todos eram amados e idolatrados por seus povos e tidos como “libertadores” até que finalmente mostraram suas verdadeiras faces.
Tal como eles, Chávez, vai pouco a pouco pisando nas instituições democráticas venezuelanas e abatendo um a um os inimigos que poderiam deter suas investidas totalitárias e populistas sobre seu povo e a América do Sul; seu objetivo de controle final. Em sua megalomania exacerbada, ele se vê como um libertador; uma reencarnação divina do espírito de Simão Bolívar; e que, por isso mesmo pode tudo.
Assim como seus colegas do passado; Chávez fez sua assembléia de fantoches aprovar uma lei que só teve paralelo nesses regimes totalitários e que acabaram sendo responsáveis pelas maiores desgraças que a humanidade já viu. O caso é tão grave que uma juíza da Suprema Corte venezuelana rompeu o silêncio e declarou: “Estamos diante de medidas que são uma ameaça a todos nós”. A lei a que ela se refere, na verdade um decreto presidencial baseado em seus superpoderes, declara que será passível de pesadas punições todo e qualquer cidadão venezuelano que se recusar a cooperar com os serviços de informação da Venezuela. Assim, ao ser interrogado, o cidadão que for julgado “não colaborador” poderá ser legalmente punido por isso. E a tal “lei do alcagüete” vai mais longe; “exigindo explicitamente que os juízes e procuradores se submetam e cooperem com os serviços de inteligência ao invés de fiscalizá-los como reza a constituição venezuelana” – Afirma ainda a juíza.
Assim sendo, os defensores de Hugo Chávez deveriam antes se perguntar por qual motivo um libertador e um herói bem intencionado tem tanto medo das instituições democráticas e exige que seu povo se transforme em delator e seus juízes em fantoches sem autonomia? Nem é preciso lembrar que na Alemanha Nazista e nos outros países natais dos ditadores mencionados; o judiciário era apenas um mero executor da vontade do “Ser Supremo” que os governava. E que as denúncias fantasmas, feitas puramente por medo ou por motivos nada cívicos e heróicos, causaram a morte de milhões.
Pense nisso.
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Texto originalmente escrito em: Visão Panorâmica
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