Associação Pestalozzi de Osasco completa 30 anos na inserção de jovens com deficiência intelectual

No próximo dia 9 de agosto a Associação Pestalozzi de Osasco completa 30 anos de atividades. A data será marcada por uma homenagem na Câmara Municipal , a partir das 19h00, localizada a Avenida dos Autonomistas, 2607, Centro.

Como mostram os dados da RAIS/CAGED divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego, em todo o município apenas 9 pessoas com deficiência estavam contratadas, na condição de aprendiz – todas oriundas da Pestalozzi de Osasco. “Dependemos das empresas para que nosso trabalho tenha um resultado efetivo: se elas não abrem as portas aos nossos jovens, eles não conquistam a autonomia e dignidade às quais tem direito”, informa Márcia Soléra, gestora da instituição.

A Associação Pestalozzi de Osasco mudou-se para sua nova sede no começo de 2011. Graças a estruturas mais amplas, que incluem quatro oficinas dotadas de todos os equipamentos necessários ao preparo dos jovens para trabalhar na área gráfica, hoje ela oferta atendimento especializado a 100 jovens com deficiência intelectual. No momento, 15 jovens encontram-se prontos e aguardando por uma chance para terem sua primeira experiência profissional.

Como todo atendimento prestado pela Associação Pestalozzi de Osasco é gratuito, ela depende de doações de pessoas físicas ou jurídicas e recebe apoio financeiro para seus projetos de órgãos públicos e privados. “Para nós, é muito importante contar com nossos associados, que contribuem mensalmente para arcar com as despesas, que incluem desde material pedagógico até os alimentos que servimos enquanto os jovens estão conosco, como também é essencial as parcerias com empresas, o trabalho dos voluntários, os convênios firmados com órgãos públicos”, explica Márcia. “Também recebemos doações pontuais de empresas e pessoas e arrecadamos recursos com bazares e eventos. A doação de cupons fiscais sem CPF, por exemplo, representa hoje 10% do nosso orçamento. A receita é bastante diversificada e existem muitas formas das pessoas ajudarem”, detalha.

O foco no jovem foi definido em função de ter sido identificada uma necessidade do município de ofertar programas que contemplassem o atendimento especializado a pessoa com deficiência intelectual, a partir dos 14 anos de idade. “Desde sua fundação, os programas da Pestalozzi de Osasco visam desenvolver a autonomia do jovem e promover sua inclusão no mundo do trabalho”, destaca Márcia. “Quando ele é contratado já está preparado para exercer as atividades profissionais na empresa, tem responsabilidade e comprometimento o que contribui para um baixíssimo turn-over. Nossa experiência demonstra que uma inclusão com qualidade não deve prescindir de um trabalho de sensibilização com os colaboradores da empresa”, detalha Márcia.

Quem conseguiu superar o preconceito, não se arrependeu. É o caso da Brady do Brasil, onde, em setembro de 2010, Ronaldo Francisco Alves, com deficiência intelectual, entrou como aprendiz. A empresa gostou tanto do seu desempenho que em fevereiro de 2011, antes mesmo do término do seu contrato de aprendizagem, efetivou o jovem. Ou o caso da Braspor Gráfica e Editora, que recebeu Suterlânia Brito Silva, aos 19 anos, também como aprendiz. Após concluir a aprendizagem, a jovem foi contratada pela empresa, conquistando sua independência e autonomia financeira. A lista de empresas que abriram suas portas a jovens com deficiência intelectual da Pestalozzi de Osasco inclui ainda os supermercados Dia, Pão de Açúcar White Martins, Cobasi e Gráfica IBEP.

O processo de contratação é idêntico ao de qualquer profissional, salvo por dois detalhes – um, de natureza legal: a apresentação de Laudo Médico ou Certificado de Reabilitação Profissional emitido pelo INSS; outro, de natureza ética: a preparação do ambiente e das pessoas com as quais o jovem vai trabalhar. “Todos os nossos processos de inserção de trabalhadores com deficiência intelectual são precedidos de oficinas de sensibilização para que chefias e colegas saibam como receber a pessoa com deficiência”, explica Márcia Soléra. “O processo de sensibilização objetiva transmitir as informações necessárias e contribuir para que o desconhecimento, o preconceito e o medo sejam superados. Este é o segredo de uma inclusão com qualidade”, sintetiza.

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