A história recebeu mais atenção quando a Associação Ufológica da Geórgia (GUFOA) divulgou imagens capturadas de um vídeo. Todas as imagens circulando pela rede vêm do website GUFOA, agora já fora do ar. Contavam que:
“um corpo extraterrestre foi recuperado pelo Serviço de Segurança Russo em 1996. Uma idosa da vila de Kashtim nos Urais, dizia o relatório, havia encontrado a criatura moribunda na estrada.
Depois de duas semanas, a mulher ficou doente e foi hospitalizada. A criatura ficou em sua casa, sozinha… e morreu. Provavelmente porque a mulher avisou alguém no hospital, o Departamento de Polícia de Kashtim entrou em sua casa e encontrou o corpo em 13 de agosto de 1996. Os restos foram filmados por uma câmera VHS — equipamento padrão da polícia russa na época — quando uma investigação preliminar (incluindo uso de um contador Geiger) foi realizada. De acordo com as medições da polícia, o ser possuía apenas 21 centímetros de comprimento. O corpo foi posteriormente confiscado pela Segurança de Estado (antiga KGB)”.
[Patrick Gross, The Ural Alien]
Exatamente como em outras lendas de supostos corpos alienígenas, há muitas versões para a história, embora neste caso não haja tanta variação quanto no caso Salinas. Quase todas as versões mencionam a idosa, Tamara Velikopolskyana Prosivirina. Mas diferem em como e quando ela encontrou o ser.
Multiversos
De acordo com uma versão, Tamara Prosivirina sofria de uma flição mental há muito, e costumava visitar o cemitério local para retirar flores para decorar sua casa. Certa noite, em 13 de agosto de 1996, ouviu um voz em sua cabeça dizendo para que fosse novamente ao cemitério, onde encontrou a criatura sobre uma tumba, viva, e a levou para casa. Ela contou a vizinhos que agora tinha um filho, chamado “Aleshenka”, mas todos pensaram que era mais uma de suas fantasias.
Foi apenas quando foi visitada por sua nora, também chamada Tamara, que descobriram Aleshenka. Segundo a história, no entanto, a nora não pensou que fosse um bebê humano e deixou que a idosa cuidasse dele. Isto não faz muito sentido, mas continuemos.
Pouco depois, Tamara, a idosa, foi hospitalizada, mas não porque tivesse adoecido, mas pelo agravamento de seus problemas mentais. Aqui, outra vez, mais versões. Ela teria contado aos médicos sobre seu “filho”, mas ninguém acreditou em sua história. O ser assim teria morrido, sem cuidados, e teria sido encontrado não pela polícia, mas por Vladimir Nurdinov.
De acordo com uma versão, Nurdinov seria amigo de Tamara, e entrou em sua casa para recolher o corpo de Aleshenka. Outra versão dá conta de que ele seria um ladrão, que além de arrombar sua casa acabou encontrando e levando o suposto alienígena, até que foi capturado pela polícia devido a outra acusação — o roubo de cabos de eletricidade.
E disto, pelo menos, podemos estar razoavelmente seguros: neste ponto a polícia se envolveu, e é a fonte do vídeo e das imagens conhecidas. O detalhe curioso, no entanto, é que a data registrada no vídeo é… 13 de agosto de 1996. Supostamente o dia em que Tamara teria encontrado Aleshenka.
Claramente todas estas versões são floreios, fantasias e distorções que não convergem para uma história coerente. E não iremos nos estender para o número ainda maior de versões sobre o que teria ocorrido com o corpo de Aleshenka, em versões envolvendo a KGB e espaçonaves vindo buscar o companheiro estelar. Não há sentido em considerá-las e, fato é, não se sabe o paradeiro atual do corpo.
A verdadeira história?
Há uma versão que parece fazer sentido, e bem retratar os acontecimentos que foram posteriormente distorcidos. O corpo foi inicialmente encontrado pela polícia em agosto de 1996 quando capturaram um ladrão de cabos, Vladimir Nurdin. Ele mostrou onde guardava os fios elétricos em sua casa, e “por nenhuma razão aparente ofereceu-se para mostrar… um alien”, disse o policial Yevgeny Mikhailovich a um diário local em 2005.
As autoridades levaram which works better for women, cialis, levitra or viagra o corpo para o depertamento e o filmaram. Esse é o vídeo que conhecemos.
Nenhum inquérito foi aberto, no entanto, porque logo descobriram que o feto havia sido descoberto por Tamara Prosvirin, 70 anos, “jogado na lama”. Ela o chamou de Aleshenka. Tamara foi posteriormente internada em um hospital psiquiátrico, e Aleshenka, se ainda estava vivo, morreu em sua casa. Nurdin era seu amigo, encontrou o corpo, “lavou-o com álcool e secou-o no sol”. Isso explicaria sua aparência “mumificada”.
Que Prosvirina sofria de problemas psiquiátricos também explicaria por que teria recolhido um feto abortado da lama e levado-o para casa. Porque “Aleshenka” era simplesmente um feto.
Algumas das primeiras versões da história citam os médicos locais Stanislav Samoshkim eI. Ermolaeva, que teriam declarado que não poderia ser um feto humano. “Não há criança com uma textura tão estranha no corpo”, Ermolaeva teria supostamente declarado.
Mas nem 2003, o jornal Cheliabinsk citou os doutores Igor Cusco e Irina Ermolaeva (a mesma Ermolaeva, presumimos) declarando que:
“Tudo estava baseado em boatos e no testemunho da senhora que o encontrou. É possível que alguém tenha se livrado de um feto abortado. O fato é que o tivemos em nossas mãos, que tinha o tamanho de 17-20 cm, que corresponde ao período de gestação de 20-25 semanas. Poderia ter sido viável, mas apenas por algumas horas, não duas semanas. Era humano, com 12 costelas no tórax. Estrutura dos ossos apropriada, nos ombros e punho. Desenvolvimento do esqueleto normal para o feto. Quando o vi, francamente, fiquei desapontada. De início pensei que fosse um frango seco. Depois de investigação profissional, pensamos que é um aborto comum, posteriormente mumificado”.
As supostas declarações iniciais de Emorlaeva negando que fosse um feto têm como fonte jornais sensacionalistas, capazes de inverter completamente suas afirmações. Porque, se sua avaliação não for o bastante, e pensar-se em algum tipo de encobrimento e negação, mesmo ufólogos locais devem estar envolvidos.
A história original foi publicada em 1997 pelo ufólogo russo Mikhail Gershtein, e o contatamos a respeito. Ele respondeu gentilmente:
“O caso de Aleshenka já foi solucionado. O pesquisador russo Vadim Chernobrovencontrou na residência da antiga dona de Aleshenka um pedaço de pano com sangue desta ‘entidade’. O Instituto de Genética de Moscou realizou uma análise de DNA. O resultado: um feto comum, terrestre (abortado), do sexo feminino, com muitas anomalias genéticas terríveis. Kyshtim foi epicentro de um desastre radioativo em 1957, e o chamado Aleshenka foi uma vítima deformada desta antiga tragédia. Muitos médicos (incluindo, por exemplo, a ginecologista Irina Ermolaeva) também declararam que o caso de Aleshenka não era único e que viram tais patologias anteriormente. Outro pesquisador russo, Mikhail Raduga, em seu livro recente ‘OVNIs e entidades paranormais’ (2009, em russo) dedicou um capítulo inteiro ao caso. Ele também encontrou alguns médicos que viram e estudaram Aleshenka em 1996: todos disseram que Aleshenka era um feto deformado, e nada mais”.
Chernobrov também já alegou ser possuidor de uma máquina do tempo, de forma que suas declarações devem ser tomadas com alguns grãos de sal, mas como Gershtein informa, ele não é a única fonte a chegar à conclusão de que “Aleshenka” era apenas um feto abortado.
O crânio é talvez o elemento mais estranho na aparência do feto, formado pelo que parecem pétalas, mas isto se deve às “moleiras“, que provavelmente se perderam, parte de um crânio muito longe de estar plenamente formado.
Na imagem abaixo (clique para aumentá-la), note o crânio de 29 semanas. De aparência muito similar, e coincidente com a estimativa de 20-25 semanas mencionada por Ermolaeva.
Um feto abortado recolhido por uma idosa com problemas psiquiátricos, que estava morto ou morreu pouco depois, tendo sido removido outra vez e lavado com álcool, seco ao sol, originando por fim todo tipo de especulações sobre alienígenas e espaçonaves. Esta pode ser a versão mais deprimente de todas, mas tudo indica ser o que realmente ocorreu