ESN: 16675-080201-838850-87
Você conhece aquela velha sentença: “Colocar a raposa para tomar conta do galinheiro”?
O significado é óbvio para muitos. Afinal, você jamais colocaria um ladrão para tomar conta do seu dinheiro; não é?
Mas na Assembléia legislativa do Rio de Janeiro, ninguém ouviu falar disso. Aliás, essa casa é famosa por seus integrantes de “alta hombridade”. Como seu presidente que mantinha trabalhadores escravos em sua fazenda e, ao ser flagrado pelo Ministério do Trabalho, alegou “que desconhecia” a prática. Essa, é a desculpa apresentada por dez entre dez empregadores de escravos. A justiça, curiosamente, tende a aceitar tal farsa como uma lógica natural. Como se alguém tivesse dezenas de pessoas trabalhando para si e desconhecesse o quanto gasta para mantê-las. O que em qualquer birosca de favela e em qualquer camelô de esquina, é sabido “de cor e salteado”. A grande verdade é que são pessoas ricas e que gozam de certa influência local. Assim a justiça “dá uma olhada para o outro lado” e aplica a máxima: “Finge que me engana que eu finjo que estou sendo enganado”.
Bom, voltando ao assunto: Assassinos, contrabandistas, bicheiros, pessoas envolvidas com o tráfico e diversas outras “pessoas de hombridade” já percorreram os gabinetes e corredores desta casa. Tudo sempre sob os olhos “atentamente” tapados das autoridades responsáveis pela ética e moral da instituição.
Agora, mais um escândalo surge para coroar o novo ano. Novo em termos; pois a prática do “funcionário fantasma” é mais velha que o próprio Rio. Contudo as vistas continuam grossas e a casa continua habitada por gente que não presta. O golpe agora consistia em cadastrar pessoas para receber o bolsa-família. Após o cadastramento, essas pessoas eram obrigadas a fornecer seus documentos e a assinar papéis que, teoricamente, permitiriam que ela recebesse o auxílio.
Mas, na realidade, o que se fazia era “contratar” essas pessoas com salários altos. Sem que os lesados ficassem sabendo. O responsável pela fraude, então, embolsava os valores. Além disso, as contas funcionais abertas, proporcionavam aos fraudadores o acesso a empréstimos e financiamentos no nome dos “laranjas fantasmas”; que, é claro, nunca eram pagos.
Os casos foram descobertos já há algum tempo. E encaminhados para a corregedoria da casa para que fossem apurados. Contudo, o tempo passou e nada foi investigado e nenhum culpado foi punido. Agora, o motivo pelo qual isso aconteceu veio a tona: O “corregedor” estava envolvido. Foi descoberta a mesma prática em seu gabinete. E, alegando “desconhecer” a prática em seu próprio gabinete, renunciou ao posto e entregou a investigação à mesa diretora. Isso é ou não colocar a raposa para tomar conta do galinheiro?
Agora, após o escândalo tornar-se público, o Ministério Público Estadual entrou na confusão e promete “apurar com rigor” o que está acontecendo na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro. Infelizmente, a moral e a hombridade dos homens públicos virou coisa rara e dificílima de se encontrar. Um verdadeiro artigo de luxo. Agora, veremos se a procuradoria dará um rumo correto as investigações e retira as raposas desse galinheiro.
Mas o pior mesmo nesse galinheiro; é que lá, os ovos são de ouro.
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Texto originalmente escrito em: Visão Panorâmica
ESN: 16675-080201-838850-87
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