Natal é a época em que milhões de crianças ao redor do mundo, esperam ansiosas que numa certa noite, um velhinho barbudinho e rechonchudo desça pela chaminé ou entre por um lugar qualquer e deixe presentes para elas.
Há muito tempo, descobri que o velhinho rechonchudo, na realidade era meu velho pai e que os presentes eram comprados. Longe de estragar a magia da data, essa descoberta apenas despertou minha curiosidade para as coisas da vida e as pequenas mentiras que nos contam ao longo de nossas existências.
Também aprendi com o tempo que a ignorância é uma benção. E que ser alienado, às vezes permite que você viva melhor. Muitas vezes, me pego torturado pela questão da fome na África, do aquecimento global e pelo fato de que um asteróide pode cair em nosso planeta e acabar com tudo.
Então você já deve estar se perguntando: “O que tem tudo isso com o título?”
Simples: Tudo.
Ontem (14/12) assistimos a derrubada da CPMF, sob os aplausos da oposição que bradava: “É um choque de democracia”. Os jornais e noticiários televisados, escritos e radiofonizados, espalhavam aos quatro ventos a preocupação do governo e dos organismos internacionais com a possibilidade do país afundar. O mercado financeiro pulou e a bolsa caiu. Nas ruas, muitos comemoravam: “Enfim, a redução de impostos”. Tudo era festa por parte do povo alienado e da oposição.
Talvez, esquecendo-se que vivemos num país surreal chamado Brasil; onde a verdade é apenas uma questão de semântica relativa; mas tão relativa, que até Einstein ficaria perplexo ante as variações provocadas no sentido desta palavra em nosso solo tropical.
Menos de vinte e quatro horas após o “choque de democracia”, a farsa da oposição cai por terra e seus reais propósitos se apresentam claros e límpidos aos olhos mais atentos. Veja o trecho da matéria publicada na Folhar de São Paulo: “(…) O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio Netto (AM), sugere que a CPMF seja recriada com um novo formato (…)”.
Vejam como essa declaração esclarece o que ocorreu ontem. O tal “choque de democracia”, nada mais foi do que uma forma de chantagear o governo em troca de algum benefício. Provavelmente postos em estatais ou em alguma repartição por aí. Ou, quem sabe, até outras benesses menos “ortodoxas”. A questão principal é que se brinca com uma nação inteira, cria-se uma instabilidade num momento crucial para o país e ilude-se uma população com argumentos que, já se sabe de antecedência, falaciosos. Ou vocês acham que a oposição mudou de idéia em menos de doze horas?
É claro que esse “show” já estava orquestrado e seus atores, como de costume, desprezam totalmente as conseqüências de seus atos para nosso país. Jogam com sua costumeira irresponsabilidade e falta de espírito público, tendo sempre como meta a obtenção de vantagens e facilidades. É a máxima: “Cria-se uma dificuldade para vender-se uma facilidade”. Assim como Papai Noel, Coelhinho da Páscoa, Boitatá, Saci Pererê e outros; os políticos brasileiros são figuras folclóricas e irreais.
A única diferença entre os personagens folclóricos e os políticos, é que os últimos só nos causam nojo e vergonha.