Dois rapazes, duas almas desprovidas de calma. Duas hipóteses ali no meio da rua exibindo intolerância recíproca. Ali bem perto da banca de frutas. O sol a pino iluminava a lamentável cena. – Coisas da juventude – alguém falou. Os dois rapazes mais pareciam dois vira-latas brigando por um fantasmagórico osso ou sei lá o quê! O que importa? Mas o que houve? O que será que aconteceu? A curiosidade brotou em meio ao ranger de dentes daqueles dois. Quando se é jovem e se tem na boca ainda os 32 dentes isso é um sinal de valentia como cria Zorba, o Grego. Olhares esbugalhados. Alguém, muito infeliz, gritou pra um: – Quebra a cara desse cretino, quebra. A cena. Os apulpos. Os xingamentos. E os dois, naquele frenético e insandecido ranger de dentes. Os dois. Os dois rapazes. Teatro dos horrores. Os dentes. Os 32 dentes de um e os 32 dentes do outro. Foi quando a carrocinha chegou. O sol a pino e os dois rapazes e os seus 64 dentes. Pra que tantos dentes, meu Deus?
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