segundas intenções

Todos querem mudar o mundo. Todos querem uma melhor vida para aqueles miséraveis, sem casa, comida, educação. Todos querem olhar para aqueles que são esquecidos. Querer pacificar e transformar o mundo é chique.

Sinto muito senhores intelectuais com todas suas formações acadêmicas e títulos nobilitados que gastam suas nítidas capacidades e talentos para tentar, no pressuposto de que um pingo de chuva torna o oceano mais cheio, salvar essa terra, mas vocês nada fazem a não ser perder seu tempo. Carreatas, exposições contra a violência e jejuns com fundamentos demagógicos não irão salvar este mundo que vivemos. Se fossem, já teríamos alcançado o propósito poucos anos após a difusão desse ideal que fomenta ações como estas.

Chega de exibir para todos, amigo e jovem internauta, na perspectiva de demonstrar sua indignação, preocupação e caráter humanitário, fotos da realidade miserável de famílias pobres, doentes, sofridas e famintas, tanto de comida quanto de espírito, esperança e fé. Nada estará fazendo, a não ser exibindo o quanto hipócrita tu és. Chega de querer impressionar patenteando um falso choque diante da situação. Nada disso serve de corda para nos tirar desse buraco. E sim de escavadeira, para alargá-lo.

Não repreendo suas ações. Mas sim o porquê de as fazerem. Não se mostram verdadeiramente preocupados com o bem-estar do nosso irmão. Querem apenas chamar atenção e se envolverem por uma falsa capa de moralismo, respeito e fraternidade.

Afirmo isso, na certeza de que se realmente quisessem pacificar, salvar o mundo, perderiam a falta de coragem, o falso abalo e deixariam de ver os alienantes programas televisivos, abririam suas mentes e se tornariam pessoas inalienáveis (mesmo que parcialmente), lutavam pelo resgate dos valores familiares, ao menos estes, dariam ao filho, pai, avó, avô, não um novo aparelho tecnológico, mas sim um livro.

Que tal em vez de apenas lamentar a fome de terceiros, ler a constituição e buscar um modo de ajudar aqueles? Eles também têm direito, assim como nós. Vamos exigir isso, mas sem querer centralizar a atenção em nós. Sem a segunda intenção de mostrar nacionalmente o quão caridoso você é.

Em vez de mostrar a revolta pela morte do filho alheio que se envolveu com criminosos, preocupe-se mais com seu filho que poderá também se envolver. Ou com seu pai, que é intimo do álcool. Já pensaram se cada um cuidasse do que é seu? Cada pai de seu filho, cada filho de sua mãe, a mãe do avô, avó… Com certeza, essa não é nossa solução, mas ao menos progrediríamos gradativamente e não ficaríamos estagnados, imobilizados no lugar que estamos.

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