Existem algumas situações ou momentos em nossas vidas que nos sentimos perdidos e completamente impotentes diante da impossibilidade de solução. Todos já passamos por coisa semelhante e sabemos que os sentimentos desencadeados não são dos mais agradáveis.
O primeiro momento é de desespero. Esperneamos, gritamos, blasfemamos, não encontramos nenhuma saída. Analisamos a situação por todos os ângulos e nada. Passamos algumas noites em claro em busca de uma solução, mas a única coisa que sentimos é que os deuses deram as costas para nós. Até que percebemos que, por mais que tentemos, não conseguimos chegar a uma solução satisfatória e que a única saída é aceitar a situação.
Impotência é a palavra que mais se adéqua a esse sentimento. Muitas vezes, principalmente quando estamos passando por uma fase bastante positiva, não entendemos esse movimento da vida, esse limite que nos é imposto. No entanto, como já sabemos, nada acontece à toa e percebemos que o momento pede profunda reflexão.
O estado de impotência está na fase pré-verbal, ou seja, a que vivemos ainda quando somos bebês e dependemos totalmente do cuidado, proteção e acolhimento de nossos pais.
Se nossa passagem por essa fase foi tranqüila – e devo dizer que em 90% dos casos não é – podemos passar por fases de impotência na idade adulta com certa confiança. No entanto, se nossa fase pré-verbal foi conturbada, se vivenciamos momentos de profunda insegurança, na idade adulta, os momentos de impotência são quase insuportáveis.
Todos nós temos uma tendência natural a buscar sentimentos de compensação para suportar de forma mais tranqüila o caminho natural da vida. Quando nossos sentimentos de impotência são ainda inconscientes, buscamos construir dentro de nós sentimentos que compensem ou que anestesiem essa dor. Ingenuamente, criamos uma proteção, uma defesa diante da vida para que nunca mais vivenciemos essa sensação. Tornamo-nos onipotentes, semideuses. E nessa ilusão de poder, vamos vivendo até que, com toda confiança que adquirimos, em um distraído vôo rasante, batemos em um grande muro de concreto e nos despedaçamos no chão.
Se a situação presente se estende por muito tempo, necessariamente, caímos em depressão. Senão, deprimimos por alguns dias e logo assimilamos a situação.
Mas qual a mensagem que o Universo está nos enviando quando somos obrigados a enfrentar nossa impotência?
Devemos saber, antes de mais nada, que não podemos tudo e que a entrega é nosso maior aprendizado. Sempre há algo que nos escapa, simplesmente porque não somos deuses. O que nos resta, quando passamos por essas situações, a não ser entregar a solução nas mãos de algo ou alguém maior do que nós? Não foi o que fizemos quando éramos bebês? Tínhamos, ou melhor, temos outra saída? Não, não temos. E esse é o momento mais difícil. Sentar, relaxar, meditar e entregar a Deus e ao Universo toda situação, pois, quando o problema é maior do que nós, simplesmente não podemos resolvê-lo.
Escrito por: Eunice Ferrari
Fonte: Terra Esotérico