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As duas piores coisas que podem acontecer para um país são: Ter um povo conformado e apático e ter políticos incompetentes e voltados para seus próprios problemas.
Infelizmente esse é exatamente o caso do nosso Brasil.
É estranho vir aqui, dia após dia, e falar com vocês sobre praticamente às mesmas coisas e observar que nada muda. Coisas simples, que seriam de fácil resolução, desde que fossem aplicados princípios como bom senso, boa vontade e honestidade administrativa; tornam-se praticamente inatingíveis numa nação onde os políticos adoram governar para a mídia e o povo tolera tudo com uma apatia e um conformismo que beiram a insanidade.
Os casos dramáticos ocorridos nesse fim de semana mostram como as questões de segurança pública, saúde e ética são tratadas em nosso país pelos políticos como coisas menores e sem importância e como o povo aceita essa situação com extrema facilidade e cândida indiferença.
Desde que a desgraça não bata em minha porta; para que devo me preocupar com o abandono e a superlotação dos hospitais ou com os maus profissionais que insistem em tratar os pacientes como gado. Desde que não me incomodem; para que devo me preocupar com as hordas de menores abandonados, viciados e violentos que tomam conta dos espaços públicos? Desde que minha família viva bem; para que preciso me preocupar se os políticos “X” ou “Y” têm mansões obtidas com dinheiro sujo, pagam passagens para namoradas, pensões para amantes, fazem média com artistas torrando dinheiro público ou simplesmente nada fazem durante o exercício da função para qual são regiamente pagos?
A incapacidade do brasileiro de olhar para o futuro e vislumbrar algo mais do que seu próprio umbigo é algo que causa estranheza e determina o alto nível de sofrimento a que toda nossa população é submetida. E é justamente a população mais necessitada a que mais sofre e a que mais se torna submissa, alienada e omissa.
As notícias vinculadas neste final de semana, como o assassinato frio de uma grávida durante um assalto (mesmo ela não tendo esboçado qualquer reação); o pai que se vê obrigado a atirar no filho viciado em drogas (que desejava mais dinheiro para consumi-las); a mãe que precisa matar o filho com um tiro a queima roupa (para não ver ela mesma e o marido assassinados pelo viciado enlouquecido); a farra descarada, promovida por autoridades diversas com o dinheiro público, mostram como é perversa e trágica a realidade vivida por uma infinidade de pessoas em nosso país. A tragédia só aumenta quando sabemos que toda a comoção e a indignação irão apenas “até a próxima manchete”, “até o próximo escândalo” ou ainda, como eu gosto sempre de dizer: “até a página 12”. E exemplos disso não faltam: a morte de Eloá, do menino João Hélio e de tantas outras vítimas inocentes, estão aí para denunciar essa postura de nosso povo. Além disso, resta a certeza de que essas novas mortes serão rapidamente esquecidas e afogadas num mar de banalização e conformismo apático.
Mas, como mudar?
É verdadeiramente simples: basta que você não se conforme com o governador, quando este decara que a polícia não pode simplesmente estar em toda parte. Basta não aceitar o argumento de que o efetivo não é suficiente. Basta mostrar a ele, por ações, protestos e por todos os meios; que basta uma pequena modificação no ritmo de trabalho do policial para que o efetivo tenha o dobro (ou o triplo) de agentes nas ruas (e sem que seja necessária uma única contratação). Para isso, basta que se mude a arcaica e anacrônica escala de trabalho atual (que transforma a polícia em um bico ao invés de profissão) e se passe a fazer o policial cumprir um esquema de horário de oito horas diárias (ao invés dos 12/36 ou 24/72).
Basta mostrar que não se tolera mais o atraso nessa mudança apenas porque o governador não deseja pagar um salário digno aos policias e acabar com os bicos. Porque acha mais rentável investir enormes verbas na propaganda, de seus próprios feitos ou na publicidade de sua própria imagem reluzente.
Basta deixar de lado a hipocrisia de que o vício em drogas é uma doença e que o viciado pode tudo por ser um coitado. Basta combater o tráfico com seriedade e atacar as grandes coberturas, com vista para o mar ou nos endereços mais nobres e badalados. Basta tratar traficantes e viciados como o que são na realidade: criminosos. Basta dar tratamento para os que desejam se desintoxicar e punição para os que são reincidentes. Basta apoiar as famílias. Basta dar atendimento digno a todos aqueles que têm suas vidas tocadas por esse mal.
Basta que, para isso, cada um faça a sua parte. Basta que o povo aprenda a importância do voto, da cobrança e o uso dos meios institucionais de que dispõe para fazer valer a sua vontade. Basta, aos políticos, trabalhar mais e roubar menos. Basta preocuparem-se mais com o país, ao qual juraram servir e menos com seus próprios umbigos e suas gordas contas bancárias. Basta pensar um pouco mais na nação em que seus filhos viverão.
Pense nisso.
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VIOLÊNCIA, INCOMPETÊNCIA, O DRAMA DE UM POVO E O QUE BASTA.
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