Quando assumiu seu mandato, Evo Morales foi aclamado como libertador do povo boliviano. Os indígenas o idolatraram e praticamente o conduziram no colo até o governo. Muito pouco tempo depois, o clima político na Bolívia é de pré-colapso. A nação encontra-se dividida; estados proclamam autonomia administrativa em relação ao governo central e Evo, numa tentativa de se reafirmar; conclama um plebiscito para que o povo diga se ele deve continuar no poder.
Em suas próprias palavras: “Se eu conseguir apenas um voto a menos do que obtive quando me elegi; eu renunciarei”. Pelo andar da carruagem, está na hora dele pegar o boné então: Uma recente pesquisa, realizada no final de dezembro, mostra que 48,4% dos bolivianos o querem fora do governo e que apenas 46,1% ainda o manteriam.
Esses dados revelam a divisão brutal da sociedade boliviana. Levando-se em consideração que a esmagadora maioria da população é de pobres (seu principal eleitor); Evo Morales, está perdendo mais rápido do que se imaginava seu “carisma” inicial. Ações equivocadas como a mal feita estatização das refinarias de petróleo e gás; realizadas sem preparação e de forma puramente propagandista, embalada é claro por seu “patrono” Hugo Chávez; mergulharam a Bolívia num caos econômico. Que por sua vez, alavancou a oposição e fez alastrarem-se seus opositores nas camadas mais pobres.
Sem preparo técnico e, principalmente, sem capital para investimentos, a Bolívia viu sua capacidade de explorar a única riqueza que, no momento, possui: O Gás Natural. Fechando contratos de fornecimento sem o devido lastro produtivo causado pela falta de investimentos, Evo teve que “pedir penico” e declarar que o país não terá condições de fornecer o gás que vendeu.
O culpado? Ele próprio. A expropriação de terras, empresas e de investimentos estrangeiros afastou o capital que movimentava o país. Sem a ajuda prometida por Chávez, a Bolívia mergulhou no caos. Sua única saída foi reatar negociações com os países estrangeiros e fazer concessões em seus projetos de nacionalização. A máxima “ninguém é uma ilha” (exceto Cuba (rs)), fez-se presente em sua forma mais terrível. Desacreditado internacionalmente e tido mundialmente como marionete de Chávez; Evo luta para desvencilhar-se dessa imagem e tentar trazer o capital de volta a Bolívia.
Talvez seja tarde demais. Mas, se a situação se inverter num futuro próximo, o povo boliviano (como todo bom latino) tenderá a acalmar-se e a acomodar-se em sua sanha contra Evo. Aparentemente, a chave e a esperança da Bolívia, reside nas boas graças de nosso presidente. Que, apesar de ter sido praticamente humilhado, no episódio da tomada das refinarias da Petrobrás pelas Forças Armadas Bolivianas, parece ainda enxergar algo de útil para nós no País Andino. Mesmo com a constante ameaça da repetição das expropriações.
A grande realidade, é que devemos nossa dependência do gás boliviano e, conseqüentemente, do humor de Evo; a incompetência e aos erros estratégicos cometidos no governo de FHC. Pois, ao invés de investir na prospecção de nossas próprias reservas monstruosas de gás; caiu no “conto do gasoduto”. Onde o Brasil bancou, pagou e não levou. Mas veja, caro leitor, FHC NUNCA se vangloria desta “bestial” besteira de seu governo.
Por que será?