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Que “todo povo tem o político que merece”; nós já sabemos disso. Mas nenhum outro prefeito serviu tão bem para exemplificar essa frase quanto Eduardo Paes o prefeito do Rio de Janeiro.
Sorriso largo, cara de anjo e um talento todo especial para lidar com a mídia he conferem as propriedades mais invejadas por políticos brasileiros não tão felizes em lidar com o público. No entanto, sua atuação na prefeitura carioca, até agora, foi puramente midiática e espalhafatosa.
Nem era possível esperar outra coisa. Com a candidatura praticamente criada pelo governador Sérgio Cabral (outro mago do governo midiático); Eduardo Paes fez o que disse que ia fazer; ser à sombra de Cabral.
O “choque de ordem” que ele espalha pela cidade e que é noticiado na mídia com todo alarde nada mais fez, até agora, do que provocar ações isoladas sm qualquer efeito prático na vida da cidade. O absurdo chegou a tal ponto que guardas municipais fecharam um parque municipal, onde criancinhas brincavam, apenas porque um dos pais estendeu um tapete de borracha para que sua menininha não fosse obrigada a sujar-se no chão.
Advertido pelos guardas municipais, o pai, protestou pelo óbvio absurdo e foi imediatamente cercado pela guarda e, após um protesto solidário de todos a sua volta, encaminhado a delegacia e o parque fechado. É claro que, depois do ocorrido, a guarda municipal disse que processará administrativamente os guardas por “excesso”.
O mais estranho, e que demonstra muito bem a que veio o “choque de ordem” de Eduardo Paes; aconteceu ontem (20/03) na Praça Paris (Zona Sul Carioca). Com sua claque e seu longo séqüito de emissoras de televisão e outras partes da mídia, Eduardo Paes inaugurou a revitalização da praça com tratamento paisagístico e novos bancos “antimendigo”.
Além disso, um providencial coro de vozes da Comlurb (Cia de Limpeza Urbana) deu o “ar da graça” ao evento. Após entrevistas diversas, em que expressava a “retomada da praça pela prefeitura” e a criação de uma unidade responsável pelo tratamento paisagístico permanente das praças cariocas, o prefeito saudou a colocação dos bancos “antimendigo” com grande alarde. Era o “choque de ordem” em sua personificação máxima.
Mal acabou de falar, desligaram-se as câmeras, calaram-se os microfones, o coral voltou para a sede da Comlurb e… os mendigos voltaram a se refestelar nos bancos “antimendigo”.
Uma pena que a mesma Guarda Municipal que teve tanto empenho em combater um pai, sua filha e um tapetinho de borracha não tenha aparecido no local para retirar os mendigos da praça e devolver o espaço para os cidadãos cariocas.
É que esqueceram de avisar ao prefeito midiático que segurança, conservação e tratamento do problema da mendicância não se resolvem com mídia e com sorrisinhos bonitos. Resolvem-se com Guarda Municipal, iluminação e remoção do pessoal para os abrigos que deveriam ser criados pela prefeitura.
A mesma coisa ocorre na educação. O prefeito César Maia instituiu uma bolsa a ser paga para os melhores alunos das escolas municipais ao fim da oitava série. Era um incentivo para que as crianças estudassem e tirassem boas notas durante todo o período de estudo. O valor de pouco mais de R$ 1.000,00, poderia ser usado em cursos complementares, aulas de reforço ou mesmo para ajudar as crianças na universidade.
O “choque de ordem” na educação cancelou os pagamentos (mesmo os que já tinham sido encaminhados) e deixaram as crianças simplesmente “na saudade”. O requinte de crueldade foi tão grande que, para a mídia, houve festas nas escolas e cerimônias para “entrega de documentos” visando a recepção da bolsa. O que, no entanto, jamais aconteceu.
Mas isso não daria tanto espaço na boa e velha mídia.
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EDUARDO PAES: O PREFEITO, O SHOW E O GOVERNO DO FAZ DE CONTA.
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