A oferta de modelos de calçados tem crescido, assim como de vários itens do nosso vestuário. Esta oferta de produtos responde à uma necessidade da moda em ser mais democrática, onde fazer moda significa nos produzirmos de maneira mais individual. Indo nesta direção, as tendências de moda, que são frutos do resultado medido pelos formadores de opinião em relação às possibilidades numa determinada estação, apresentam cada vez mais opções. Acabou a ditadura da moda, escolhemos o que melhor combina com nossa personalidade. Importante ressaltar que personalidade e individualismo marcam esta geração. Ao buscarmos o caminho da individualidade valorizamos aspectos da atitude, do comportamento e quebramos os tabus das verdades absolutas. Estamos mais narcisistas e iniciamos o novo século opinando mais dentro de visões pessoais.
Na história do calçado não é diferente, são objetos que independem do corpo para existirem, têm estrutura própria, assim como as ombreiras dos blazers são os bicos dos sapatos, eles têm volumes próprios. Exceção feita a uma parte das sandálias que necessitam dos pés para existirem. Os calçados que encontramos nas vitrines têm as formas bem diversificadas e se apresentam cada vez mais como resultado de pesquisas super elaboradas e maior riqueza de materiais.
Bicos finos e alongados, largos, arredondados ou quadrados com finalizações dos tipos mais variados, irregulares, em triângulo e ou voltados para cima; com saltos das mais diferentes alturas e tipos, finos, grossos, arredondados, em forma de carretel, finos quando vistos pela lateral, plataformas e com acabamentos dos mais diversos, pintados, esculpidos, forrados em tecido, palha, couro e fabricados com diferentes matérias-primas, tais como: madeira, pvc transparente, acrílico, metal.
Nos cabedais, parte superior dos calçados, aparecem tecidos de fibras naturais, materiais sintéticos desenvolvidos especialmente para a indústria calçadista, os couros de diferentes origens, dos tradicionais “vacuns” de origem bovina, passando pelas pelicas (cabra), porco, cavalo, mestiços, e peles exóticas como o peixe, pés de galinha, peru, avestruz, lagartos, cobras e jacarés criados em cativeiro, isto tudo pode se apresentar com vários acabamentos e estampas, brilhos; somado aos enfeites e fechamentos que podem ser de metal , madeira, marfim, casca de coco, enfim, têm finalizações das mais diversas.
Do pé, os calçados alcançam os tornozelos, nas sandálias as tiras são finas, largas; as botas, longas, curtas, vazadas, centenas de opções para amarrações.
Para alguns estilistas, num determinado período, o hit da estação pode ser o look dos anos 40, pela adoção do tailleur, forma delineada ao corpo e a escolha do acessório feita com sapatos de bicos arredondados, plataformas, estilo brechó. Para outros, são os anos 50 a referência, saias e camisas, cardigans, cinturas marcadas e a oportunidade de combinar tudo com scarpins salto 5,5 cm e botas de bico fino. Dos anos 80, período da androgenia, aparecem os leggings, conflito calça “justo-largo” e são os boots, botas pesadas, e os mocassins em cores, que se faz notar nos acessórios.
Nas últimas estações, lançaram-se e relançaram-se formas, saltos, materiais e todos no cenário da moda convivem harmoniosamente. Cabe ao consumidor escolher. Na sua história, o calçado apresentou-se das mais variadas maneiras e com os mais variados materiais. Inicialmente os primitivos protegiam os pés das intempéries, para não sentir frio ou calor e para caminhar com mais segurança. Mas nem sempre o calçado, desde sua origem, foi um objeto meramente funcional; o calçado carrega também valor simbólico, ornamental e opera na distinção social.
As sandálias são as primeiras formas de apresentação do calçado, tanto para os gregos como para os romanos. Nesta época, os faraós usavam sandálias e o povo pés nus. Os materiais das sandálias eram de folhas de papiro, trançadas, com detalhes dos mais diversos, como fios de ouro ou outros metais.
O trabalho com peles se inicia logo depois e são os egípcios os primeiros a utilizá-lo, depois de se apropriarem dos segredos de pintura dos persas e babilônios. Com o passar dos anos as técnicas artesanais de fabricação dos calçados evoluem, ficam mais refinadas e a forma das sandálias assume outra importância. Agora não somente por razões estéticas, mas principalmente para indicar que o indivíduo pertencia a uma certa posição naquela sociedade. Algumas formas eram reservadas a certos posicionamentos sociais: no Egito somente aos faraós era permitido o uso de sandálias com pontas levantadas e estas sandálias tinham as bordas da sola trabalhadas com fios de ouro e decoradas com pedras preciosas.
Tanto homens como mulheres calçavam sandálias, na Grécia os guerreiros se apresentavam com sandálias que eram amarradas nos tornozelos. As sandálias neste momento não diferenciavam o pé direito do esquerdo, eram iguais para os dois pés. A diferença entre sexos se dava pela coloração, as sandálias reservadas ao sexo feminino se apresentavam mais coloridas.
Em relação às cores, os calçados na Roma Antiga não eram de livre escolha, no “calceus”, um tipo de bota usada por todos, o vermelho se referia aos oficiais, até o uso exclusivo do imperador, preto ou branco para os senadores, já cores pastéis e com ornamento para as mulheres. Logo após em um certo período da sociedade romana, as mulheres consideravam fato de grande sensualidade o uso de calçados estreitos e com bicos longos.
Fato semelhante ocorre no Oriente, especialmente na China, no início do século XX, com relação a escolha de uma estética para os calçados: deformava-se os pés para que os mesmos permanecessem pequenos e frágeis, significando sinônimo de feminilidade, sensualidade.
O gosto e o exercício do luxo foi bastante difundido na época dos Bizantinos e em sentido mais amplo com o meio-oriente, onde a partir do século IV a forma mais característica dos calçados eram as pantufas, um tipo de calçado com bicos fechados e sem calcanhar. Geralmente estes calçados eram feitos em sola de couro e a parte de cima com couros coloridos e com as pontas bem pronunciadas e até recurvas.
Na Idade Média, prevalece um sentimento forte de espiritualidade, obscuro, místico, decadente e abundante de fervor civil e religioso. Com o advento do Renascimento os aspectos dos sapatos privilegiam a proteção e praticidade, ao contrário do luxo e ornamento do período anterior. Neste período impõe-se aos sacerdotes o uso de um sapato fechado de cor “púrpura” para se destacar dos fiéis durante a celebração das missas, enquanto o povo usava simples sandálias.
Próximo do século XII, surgem as poulaines, difundidas em toda a Europa e principalmente na França e Inglaterra; este calçado se caracterizava pelo estreitamento e alongamento das pontas, bicos. O comprimento do bico do sapato era proporcional à posição do indivíduo na sociedade, quanto mais alto o nível na escala social, maior o bico e se tornou uma competição hierárquica. Eram fabricados em couros, veludos, brocados e bordados em fios de ouro. Foi Francisco I quem decretou o fim deste tipo de calçado e ainda no século XV este tipo de pontas aguçadas foi proibido por Henrique VIII, por ter pés largos e inchados, o rei da Inglaterra na época, o achava inconveniente e doloroso. A partir daí, são aceitos os chinelos rasteiros com base larga e muito mais confortáveis.
Com o advento da burguesia nos séculos XV e XVI, uma nova classe social se posiciona. Neste período se origina um grande comércio e as peças do vestuário, inclusive os calçados, tornam-se mais diversificados, refinados e complexos. O calçado aparece como peça bastante trabalhada e é peça indispensável no vestuário. Quase sempre cada roupa exige um calçado e este é fabricado com os mesmos tecidos, ornamentos.
Os sapatos masculinos têm as formas mais quadradas e largas, mais cômodas que no século anterior, e permite maior transpiração e conforto para os pés. As botas, um calçado inicialmente exclusivo de uso dos exércitos, chegavam a atingir até a coxa.
O uso do salto foi criado para elevar a altura das mulheres, os primeiros saltos foram confeccionados em cortiça em forma de cunha, acompanhando o formato do arco do pé, elevando a altura apenas no calcanhar.Existem diferentes opiniões a respeito dos saltos altos, alguns como origem das “chopinas”, provenientes da China ou Turquia, eram sandálias com plataformas onde a altura dos solados apontava o nível social e chegava a atingir 40 cms. Descreve-se casos de senhoras da corte que elevaram suas plataformas até 70 cms e precisavam às vezes de dois criados, um de cada lado para conseguir o equilíbrio. As plataformas e os saltos altos estão desde a Antigüidade associados a situações solenes e rituais, quando todo o universo gestual e os movimentos corporais, na época bastante contidos, estão relacionados a reverências e comportamentos formalizados. As mulheres mais observadoras imaginaram que suas silhuetas poderiam ganhar contornos mais sensuais com o calcanhar elevado, projetando o tórax para frente e dessa maneira ressaltando os seios.
No apogeu veneziano, durante o Setecento, luxo e riqueza com marcada influência oriental marcam os materiais empregados na fabricação de calçados; brocados, veludos e adamascados fartamente ornamentados aparecem. Neste momento surgem as “ciopines”, que são calçados com as solas aumentadas com a invenção do “pattino”, uma proteção para os delicados sapatos em contato com o solo e a água.
Na França, acontece um fato importante e particular, durante o reinado de Luiz XIV e de Luiz XVI: a introdução nos modelos de calçados masculinos de um salto mais alto e quadrado e também de fivelas e fartos ornamentos.
Foi no século XVIII que a Moda se estabeleceu de maneira sistemática e organizada como fenômeno cultural, social e de costume. São estabelecidas as variações do “gosto”. Período de muita evolução e os calçados em produção artesanal são resolvidos para as novas exigências de praticidade e funcionamento que a sociedade coloca. Ficam caracterizados diferentes ambientes: cidade, campo e estrada. Desta maneira, surge calçado para o trabalho, para o passeio, enfim, várias novas exigências que este novo consumidor demanda.
O estilo predominante dos calçados femininos neste período são as botas em couro ou cetim e trabalhadas de maneira intensa, com saltos robustos e fechamentos laterais, nos quais aparecem quase sempre uma carreira de pequenos botões ou amarrações com laços. Nos masculinos todos em couro preto e com a presença do elástico, invenção deste período, que torna o calçar mais confortável.
No início de 1900, a tônica da preocupação é o progresso, depara-se com um modo de vida inédito e “moderno”, vive-se uma grande revolução cultural da sociedade. O Déco se instaura e com seu rigor geométrico uma nova maneira de organizar os ambientes, os objetos e dos complementos do vestuário. O transatlântico, o charleston, a crescente vida noturna européia, cultua a figura feminina e a torna suscetível a mudanças e a Moda marca este início de século. Surge a figura do estilista.
Os sapatos têm estilo boneca, bicos arredondados, fechamentos em botões, bicolores, laços e peles como ornamentos, os saltos são grossos e baixos, explora-se o contraste entre as texturas, brilho versus opaco. Nos anos 20, Coco Chanel cria o tailleur e pede emprestado do vestuário masculino referência, cria os sapatos brogue ingleses, bicolores com salto para mulheres. Cria o desenho de um sapato aberto no calcanhar que se torna “clássico”, o sapato “chanel”. Escolhe e desenha biqueiras em tons escuros nos sapatos claros, escolhe o tom pele como cor e assim diminui a proporção dos pés.
A aristocracia européia se estabelece, novos burgueses europeus e os novos-ricos americanos exigem diversidade de modelos. As novas tecnologias são incorporadas e materiais inéditos são utilizados na fabricação.
Sobre a base do decolletée, no clássico scarpin, colocam-se saltos mais altos e com desenhos mais diversificados, a produção em escala chega aos calçados mas não se abandona a produção artesanal, a alta-costura em calçados sob medida sobrevive.Os novos estilistas criam uma nova era para o calçado, reinventam formas e transformam o calçado em objeto de desejo. Chanel, Poiret, Dior, Schiaparelli são nomes importantes e responsáveis por estas transformações.
O desenvolvimento econômico italiano nos anos 30 foi bastante tumultuado, os problemas políticos se agravam e a escassez de couro como matéria-prima obriga a busca de novos materiais. Ferragamo é um nome importante nesta fase, responsável pela introdução do uso interno do aço para suportar o arco do pé e adotar materiais até então considerados ordinários na fabricação de calçados, como a ráfia, o celofane, o crochê e o plástico. E é sua a idéia de veicular suas criações nos periódicos de moda da época.
Nos anos 40 e 50, são as musas do cinema e a reconstrução da Europa pós-guerra os grandes incentivadores do consumo de moda. Nos calçados os bicos redondos, as plataformas em madeira recobertas de couro dominam. Surge nos anos 50 o famoso stiletto, sapatos de salto alto fino tipo agulha e junto aos bicos finos alongados deixam os calçados femininos muito delicados. Grandes nomes elaboram propostas para este tipo de calçado, mas sem dúvida, é da interlocução entre Christian Dior e seu colaborador Roger Vivier que surge o conceito de vestir o pé, alongar perna, o calçado se transforma em uma peça que continua, alonga as linhas da perna. Perugia, Ferragamo, Jacques Fath são nomes importantes neste período e através do trabalho destes mestres elaboram-se novas formas, bicos, desenhos de salto e proporções para os calçados na década de 50.
Os anos 60, o período do “boom” econômico, são reconhecidos pelo grande e rápido desenvolvimento de estilos. Yves Saint Laurent, o “enfant prodige” da alta-costura e aluno de Dior, veste as mulheres com uma forte e dinâmica sensualidade, saltos mais baixos e bicos arredondados. Neste momento é a cultura norte-americana a favorita da juventude e a figura democrática de John Kenedy e da contestação estudantil, na figura da atriz Audrey Hepburn difundem a “ballerina”, famoso sapato baixo de bico arredondado. Os looks espaciais com a ascensão da NASA chega ao vestuário e os calçados adotam materiais “futuristas”. Neste momento o mocassim preto inspirado nos estudantes de Oxford aparece e domina entre os jovens.
Com o surgimento da mini-saia pela inglesa Mary Quant, saias e vestidos curtos são apresentados com botas longas e justas. Os materiais evoluem e o conforto, a maciez, condições de impermeabilidade, transpiração, acabamentos e coloração notavelmente se destacam nas indústrias do setor.
A cultura jovem domina os anos 70, a violência dos jovens da década anterior abre caminho para uma cultura da não-violência, em cuja ideologia prega-se um mundo sem guerra, baseado em vida comunitária com estreita ligação com a natureza.
Prega-se a filosofia oriental. Os calçados e peças do vestuário estão sendo inspirados em motivos folclóricos, étnicos. Propõe-se o uso da cor, a extravagância reina. O verniz, muito brilho, cores contrastantes, bicos redondos, saltos altos e baixos, mas sempre grossos. As plataformas cobertas de ráfia, juta, couro com acabamento natural, cores neutras finalizam a década.
São nos anos 70 que a influência das atividades esportivas acontece. O culto à forma física elege o tênis como calçado popular e é grande o desenvolvimento tanto quantitativo quanto qualitativo deste produto. As primeiras grifes se destacam e Fiorucci e Benetton se estabelecem, os sapatos baixos, simples, às vezes unisex, são amplamente usados.
O predomínio das imagens criadas pelos profissionais da comunicação junto à sugestão que os estilistas desejam e sugerem para o mercado ditam a moda. O novo estilista é um personagem das relações sociais, das crônicas da vida contemporânea, dos caprichos da vida cosmopolita. Abre-se a cena para o espetáculo. Neste momento, não se encontra mais um único estilo definido para cada momento, é na busca, na descoberta, seja de caráter estético ou propriamente técnico que se prende o desenho dos calçados e peças do vestuário dos anos 80. Neste caso o calçado não pode mais ser considerado simplesmente um acessório de moda, toma vida própria, os detalhes valorizam o planeta-calçado.
Nos anos 90, o panorama estético é amplo. Acontece um “revival” dos anos 50 no trabalho de Ferre para Dior, aparece um cidadão hippie ou folk para Viviane Westwood, uma busca sensual nos sapatos em peles exóticas de Andréa Pfister, a constante busca de originalidade nos trabalho de Sergio Rossi, um certo gosto barroco em Gianni Versace, visão futurista nas coleções de Jean Paul Gautier, e um refinado senso de exotismo nos trabalhos de Romeo Gigli.
Mas é o conflito entre a alta tecnologia e o artesanato que caracteriza os sapatos do século XXI, e é na mistura destes que acontecem o inusitado, surge o “sapatênis”, uma versão híbrida do sapato em couro tradicional com o solado do tênis, em borracha sintética de ultima geração, garantindo conforto e status para os seus usuários. Impera a dinâmica industrial baseado na mistura de moda, marketing, alta tecnologia, design e mão de obra artesanal.
“Os tênis são um dos raros produtos industrializados que precisam ser reinventados sem parar”, diz a revista VEJA, em 19/04/2000, à página.94. Os tênis são projetados em programas de computador e demoram cerca de 18 meses e gastam razoáveis quantidades de dólares para serem desenvolvidos. Exemplo é um dos últimos tênis Adidas, o KOBE confeccionado em couro sintético sem emendas nem costuras e que na sua aparência apresenta um brilho metalizado discreto da pintura dos automóveis.
As marcas dominam e não mais de forma tímida, escancaram PRADA, GUCCI, CHANEL por Lagerfeld, ADIDAS, HERMÉS, NIKE, CAMPER, DR. MARTENS, DR SCHOLL, FENDI, DOLCE E GABBANA, FERRAGAMO, CHARLES JOURDAN, SEGIO ROSSI, JP TOD’S, BIRKENSTOCK, são alguns nomes de empresas, equipes que seduzem com campanhas milionárias nossas opiniões. Estas empresas investem pesado no calçado como aliado para a sedução. O estilista não perdeu seu espaço, ganhou importância em nomes como Manolo Blanik, Patrick Cox, Michel Perry, Rodolphe Menudier, Christian Loubotin, Stéphane Kelian, Emma Hope, Jimmy Choo, oferecem um infinito número de modelos e criações.
O sapato do século XXI é fruto do design. Em futuro bem próximo poderemos encontrar um calçado exato para cada pé e personalidade, e se não o encontrarmos poderemos solicitá-lo e ele será fabricado em escala industrial, mas de maneira personalizada. Poderemos escolher os componentes que me melhor nos convier e poderemos participar da ação de personaliza-los.
A indústria brasileira ocupa espaço de destaque no cenário produtivo de calçados no mundo,mas quanto ao design ainda estamos longe de sermos reconhecidos como de qualidade, mas estamos trabalhando firme para minimizar estas distâncias.
Luis Fernando Campanella Rocha é designer de calçados da grife Ferri e professor da graduação em Moda da Universidade Anhembi Morumbi.http://www2.uol.com.br/modabrasil/historia_calc/calcado/index.htm