Poderia o diagnóstico de uma doença influenciar no modo de vida do paciente, após a cura?
Conforme afirma Daniele Brun (1996), o diagnóstico de câncer coloca pacientes e familiares próximos à questão da morte possível, do sentido da vida, da dor insuportável, mesmo depois da cura. O término do tratamento não é suficiente para distanciá-los dessas questões. Existe, portanto, uma defasagem entre cura física e a assim chamada cura psíquica.
O diagnóstico é um momento decisivo, pois é a partir dele que todo o tratamento será orientado.
O câncer ocorre devido ao funcionamento desordenado dos órgãos causando a multiplicação e divisão descontrolada das células.
Conforme o Departamento de Pediatria do Hospital do Câncer (2003) as células cancerígenas em crianças se desenvolvem a partir das células embrionárias primitivas e em geral tem um crescimento e multiplicação mais rápida do que no adulto. No Brasil atualmente, a cada quatro crianças acometidas pelo câncer, três crianças são curadas.
Desde o diagnóstico de câncer acontecem alterações na rotina e dinâmica familiar de uma criança com câncer. Esta criança se depara com questões nunca antes vividas, como: hospitalização, uso de medicamentos, quimioterapia e outras situações que a afasta do convívio com familiares e amigos.
Mas, quando engajadas, no tratamento, criança e família, é possível um cuidado menos traumatizante, possibilitando um restabelecimento seguro e preocupado com as mudanças emocionais e psíquicas da criança, dando ao hospital uma característica mais humana. Portanto, a notícia de câncer infantil tem que ser clara e transcorrer de uma forma de fácil entendimento, observando o quanto de informações a respeito da doença a família quer e pode suportar neste primeiro momento, pois o diagnóstico não deve ser dado em apenas uma entrevista ou consulta.
Um aspecto importante a ser tratado na consulta de comunicação do diagnóstico e que não deve ser “esquecido” é o tratamento e como este deve transcorrer.
Após o impacto causado pelo diagnóstico do câncer em seu filho e após passar por todas as etapas de tratamento, os pais de uma criança com câncer esperam ver logo o seu filho curado completamente, considerando o fim do tratamento como o início de uma nova fase na vida da criança e da família, a fase de recuperação, onde todos podem retomar suas atividades rotineiras e normais do dia-a-dia.
Existe diferença no tratamento de uma criança e de um adulto, pois se espera que a criança passe por todos es etapas da vida, ou seja, cresça, estude, trabalhe, constitua uma família, porém as terapias são mais agressivas nas crianças.
A criança deve ser comunicada, de modo que entenda o lhe é dito em uma linguagem que já esteja acostumada, para que assim, entenda o que está acontecendo com ela, aceitando e cooperando com o seu tratamento.
Antes de visitar seus filhos, os pais devem ser alertados em relação ao que irão encontrar. Equipamentos como: monitores, tubos, cateteres, assim como o estado da criança e a necessidade de tudo isso, para que o impacto não aumente. A forma como o médico orienta o paciente e os pais da criança, pareceu determinante na relação que se estabeleceu com a doença, com o tratamento e com a equipe médica.
Mesmo assim, não podemos excluir a subjetividade de cada familiar no momento da comunicação e elaboração do diagnóstico de câncer em seu filho.
Em relação ao câncer infantil selar os destinos da família e da criança que a experiência vivida deixa marcas nas pessoas envolvidas, marcas essas que são suscitadas quando o paciente faz seus exames de rotina, porém essas marcas não devem se tornar algo paralisante para o paciente e a família retomarem suas atividades habituais.