Que o Rio de Janeiro é uma cidade maravilhosa, todos nós sabemos. As belezas naturais, sem igual, fazem dessa cidade um lugar mágico. Mas também sabemos que essas maravilhas escondem um câncer vasto e de alta malignidade que é a violência. Como toda grande cidade no mundo, os criminosos se arvoram na topografia e nas condições propícias (grande fluxo de turistas e grande sensação de liberdade geral) para estabelecerem seus comércios e suas demais atividades ilegais. Em outros lugares do planeta, a coisa é igual ou pior. Afinal, não existe cidade por menor que seja, que não seja fundada com uma praça; uma igreja e uma delegacia.
A diferença do Rio e das demais cidades do Brasil para outras grandes cidades do mundo é uma só: A qualidade de seus dirigentes.
Não bastasse sermos condenados pela ONU como país que viola os direitos humanos (o que pode ser atestado indo-se simplesmente a um hospital público; o que dirá a um presídio ou uma delegacia), ainda temos que “pagar o mico” de ver um dos “representantes do povo” eleito e pago por nós; com o único dever de servir a comunidade e torná-la um lugar melhor para vivermos, ofender com palavrões e comentários ridículos um alto dignitário internacional; que estava aqui apenas para ver nossa situação de perto e, quem sabe, fornecer auxílio financeiro ou técnico para resolvermos nossos problemas.
Mais uma vez, nossos parlamentares, imbuídos de suas “vidas nababescas e idéias megalomaníacas”, demonstram que não estão preparados para um debate de alto nível que traga soluções. Vagam pelos corredores de mármore e granito, como se fossem serem magníficos e infalíveis, donos da verdade e detentores de todas as dádivas da humanidade. Quando, na verdade, são apenas bufões e palhaços sem talento. Afinal, o estado de coisas atual, apenas favorece o clientelismo e o coronelismo, firmado nos “rincões e currais eleitorais”. Onde pessoas iletradas, ignorantes ou omissas perpetuam seus mestres no poder em troca de pequenos favores e afagos imediatistas. Enquanto seus reais problemas permanecem insolúveis.
O deputado carioca Marcos Abrahão (PSL), usou a tribuna da Assembléia Legislativa do RJ para chamar de “veadinho” e “bicha” o representante da ONU. O governador Sergio Cabral, entrevistado por italianos e perguntado sobre a corrupção policial sistêmica que torna inútil qualquer trabalho sério da polícia; soltou a pérola: “Na Itália, também existem policiais corruptos. Lá tem a Máfia para corrompê-los”.
Que existem policiais corruptos em qualquer lugar do mundo, caro governador, isso é claro e certo. Contudo, a diferença de tratamento dada aos corruptos lá fora é bem diferente da aplicada aqui. Enquanto lá, quando são descobertos, ficam anos presos; perdem todos os benefícios e são execrados para sempre; aqui, transitam a serviço nos gabinetes dos deputados, vereadores e demais autoridades gozando de mordomias. Aqui, são candidatos ao parlamento e, ao se elegerem, ganham “Foro Privilegiado” e tornam-se “Intocáveis”. Aqui, contam com a conivência muda das autoridades que procuram tapar o sol com a peneira, pois sabem que, se prenderem todos os corruptos, não haverá policiamento nas ruas. A maior prova disso, foi a recente operação no Batalhão de Caxias. Que levou a prisão, mais de 25% do efetivo numa única operação; causando um colapso no sistema de segurança da área.
Ao invés de abrir o barracão e espalhar peneiras, tentando cobrir o sol que nos queima inclemente; basta ter vergonha na cara. Trabalhe. Faça uma análise nos carrões importados estacionados nos pátios das delegacias e quartéis; procure a fonte que permite que um soldado PM ou um investigador que ganha um salário de fome tenha carros importados, roupas de grife e propriedades. É rápido, é fácil e é certeiro. Uma pessoa com papel e lápis faz esse levantamento em alguns dias.
O problema, é que aí, não sobraria ninguém para prendê-los.
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