DEUS, O OPERÁRIO, O PASTOR, O PREFEITO, O MÉDICO E A MORTE DEMOCRÁTICA.

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ESN: 16675-080201-838850-87

 

 

Era uma vez um lugar lindo. Terra fértil, céu azul, riquezas minerais inigualáveis, um povo tranqüilo e que não se revoltava por nada.

Nesse lugar; costumava-se dizer que todas as religiões e todas as raças viviam em harmonia e cada um podia professar a sua fé, adorar o Deus que quisesse (ou mesmo a nenhum) e até uma mesma pessoa poderia seguir várias religiões sem nenhum problema.

Lá também, o povo costumava falar que Deus era um compatriota querido. Afinal de contas, por lá nada de mal acontecia e sempre se dava um jeitinho para driblar quaisquer dificuldades que aparecessem pelo caminho.

Mas, um dia, um operário chegou para governar aquele lugar. Seu partido dominou todos os órgãos e passou a governar cada organismo de poder como se houvesse sido criado apenas para servi-lo. Enquanto as maiores barbaridades eram cometidas e inúmeros dados falsos eram divulgados para o povo iludido e distraído; o operário encantava as multidões e seduzia com uma oratória meio estropiada e engraçada, multidões de pessoas que se ajoelhavam aos seus pés e o idolatravam como se ele fosse o novo Messias.

Agora, os pobres teriam vez. A vida melhorou e, de repente, o país deixou de ser a “Terra do Futuro” e vislumbrou pela primeira vez a realidade de uma grande potência. Tudo ia bem e a economia daquele lugar o transformara num paraíso para os pobres.

Mas, o povo pobre sabia muito pouco do que acontecia na realidade. Pouco instruído; desinteressado e afogado nas alegrias do consumismo desenfreado; aquele povo que sempre fora privado de tudo, agora achava que estava no paraíso.

O tempo passou e mesmo com toda a bonança econômica e com todo o dinheiro que diziam estar entrando nos cofres daquele lugar; o Operário Messias recusava-se a investir na melhoria das condições de vida de seu povo. Não havia esgoto, não havia água encanada, as pessoas moravam nos morros porque não havia casas baratas e os investimentos ligados a infraestrutura daquele lugar lindo foram ficando para depois… para depois… para depois… e nunca foram feitos.

O governo do Operário Messias acabou e ele conseguiu fazer a sua sucessora. Antes que ela pudesse fazer qualquer coisa, os partidos políticos que lhe garantiram a eleição brigavam por cargos e por orçamentos polpudos em que pudessem por as mãos. Em seu primeiro mês, o governo daquele país estava completamente paralisado pela disputa por esses cargos.

Mas, chegou o tempo das grandes chuvas. Deus, que não é mesmo nativo daquele lugar, fez o que faz todos os anos e mandou as chuvas fortes que mandava sempre na mesma data. As águas caíram ferozes e volumosas. Encontraram as casas dos pobres repletas de aparelhos eletrônicos, TVs de Plasma, móveis novinhos, carros zero km. Só não encontraram por onde correr para os rios e para os mares. Afinal, ainda não havia esgoto, não havia encanamentos, não havia infraestrutura. Só a terra fofa e barrenta, que se derretia diante dela.

 

 

Enquanto rolavam morro a baixo, os pobres e suas bugigangas clamavam por Deus e pelo Operário Messias que os socorressem. Deus estava distante e o Operário estava de férias numa praia distante com tudo pago por aqueles que agora clamavam por ele.

Depois da tragédia o prefeito revela que o governo daquele país desativou o sistema de alerta prévio contra as grandes chuvas porque custava muito caro. O município também não tinha dinheiro para pagar a conta e, por isso, ambos colocaram tudo nas mãos de Deus. Afinal de contas, o povo pobre daquele lugar estava feliz e assuntos como o problema com o alerta antecipado das grandes chuvas não eram importantes.

Passada a primeira semana da catástrofe que se abate sobre aquele lindo lugar. Um médico – de nome Martius – ligado a uma instituição de renome mundial chamada Cruz Vermelha, denunciava que o prefeito de uma das cidades atingidas e do mesmo partido do Operário Messias impedia que a instituição atuasse junto aos desabrigados atingidos pelas grandes chuvas e confiscava todos os donativos levados por ela. Para o prefeito, apenas seus comandados poderiam distribuir os donativos. Claramente uma forma de manter na mente dos desabrigados que o socorro havia sido providenciado apenas por ele e pelo partido do Operário Messias.

Na mesma cidadezinha, havia um pastor amigo do prefeito e do mesmo partido que resolveu – de comum acordo – impedir e limitar o trabalho de uma outra igreja. Afinal de contas, só a igreja dele poderia aparecer para os fiéis como preocupada com o ocorrido. Deus, em sua concepção, era propriedade privada – registrada em cartório – pelo bispo de sua igreja e os pastores os seus únicos mandatários. Como ele dizia: “Outras religiões que criem suas próprias catástrofes para ajudarem aos seus fiéis e arrancar mais contribuições”.

Só a morte, democrática, fria e impessoal é que comemorava a falta de infraestrutura; a falta de investimentos sérios e assistia a tudo enquanto fazia a sua gorda coleta alegremente.

Pense nisso…

 

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Nota do Editor: Essa estorinha se baseia nos links abaixo; leia-os e tire as suas conclusões:

http://www.estadao.com.br/noticias/cidades,em-teresopolis–prefeitura-briga-com-igreja-e-cruz-vermelha-por-doacoes-,667467,0.htm

http://oglobo.globo.com/rio/mat/2011/01/19/petropolis-desativou-estacoes-meteorologicas-meses-antes-da-tragedia-na-regiao-serrana-923570431.asp

 

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