Quando era criança fiz um desses testes à lá Capricho para saber se sua mente é feminina ou masculina. Fiquei chocada com o resultado: minha mente era masculina.
Masculina! Logo eu, toda mulherzinha, que torra o salário entre as 4 necessidades básicas da mulher: sapato, roupa, cabeleireiro e maquiagem.
Ainda lembro vividamente da minha reação com o resultado. Obviamente que, na minha cabeça, aquilo estava completamente errado! Não queria ser um homem! (Viu só? Difícil admitir as coisas. Mas pra quê? Estou sempre certa)
Outro dia eu comecei a associar certas atitudes e teorias da minha mente insana e acabei aceitando o resultado do teste de anos atrás. Sim, minha mente é masculina por que eu penso como um homem em muitas coisas. E não. Isso não faz de mim um homem. Certamente Talvez um pouco egoísta, egomaníaca e insensível demais. Mas não vamos discutir isso agora.
Eu tenho um sério problema que eu juro que faço todo o possível para amenizar e torcer para ninguém perceber (agora é tarde pra isso, né?). Eu não reparo nos detalhes de muitas coisas. Se alguém corta o cabelo eu não reparo! Argh! Defeito mór da mente masculina. Mas lógico que se a pessoa poda o cabelo e tinge de azul eu percebo. O problema é aquele “cortar as pontas”. Eu nunca reparo! Para o meu desespero, quando alguém surge com as pontas aparadas todas comentam. Eu só concordo e aumento o coro falso do “Ficou ótimo!”.
E quando surgem aqueles comentários tipo “Fulana engordou, não?” ou “Meu Deus! O que aconteceu com a pele dela?”. Sério. Alguém se importa? Contanto que não seja comigo, não vejo diferença alguma no corpo alheio. Sou péssima para perceber os detalhes. E mulher adora se vangloriar de que percebe os detalhes e os homens não. Talvez seja por isso que eu nunca tenha ficado realmente irritada quando alguém não reparou no meu novo corte de cabelo. Só quem realmente interessa merece uma observação mais profunda. Aí sim, com muita má intenção interesse admiração que eu noto até a marca da camisa que o cara está usando.
Vestido de noiva da Barbie: esse eu nunca tive
O que mais me intriga é o case “bebê”. É ver um barrigudinho babão que o estrógeno da mulherada borbulha de excitação! Menos o meu. Todas suspiram, gemem, falam ‘cuti-cuti’ com voz melosa e não param de cheirar a cabeça da criança (ok, tenho que concordar que cheirinho de bebê realmente é bom). Depois ficam horas sonhando em quando terão um. Eu não me interesso nem morro de vontade de ter. Me falta instinto materno ou é a mente masculina bloqueando o desejo de criar uma prole?
Data de aniversário? Sempre esqueço! Graças ao mundo geek tenho um milhão de programas, sites e afins que lembram até mesmo quando é o meu aniversário. Estou perdida por aí? Dane-se! Não vou perguntar o caminho para alguém. Odeio ter que esperar horas para alguém ficar pronto para sair (não que eu me arrume em 30 minutos, mas esperar realmente tira minha paciência). Fazer compras? AMO! Mas odeio pesquisar preço ou ficar horas esperando por outra pessoa experimentar e decidir o que vai comprar. Detesto falar ao telefone.
Aliás, não sou muito de falar, portanto, não espere uma ligação ou mensagem de texto fofinha no dia seguinte. Grude ninguém merece e, caso não te veja há um tempo relativamente longo, não vou correr atrás. Um amigo afirma que sou tão pervertida quanto um homem. “Fala comigo como se fosse um truta”, diz. Realmente… não sei de onde surge tanta pornografia. Claro que ele odeia já que eu falo dos dotes masculinos e não dos femininos.
E tem sido essa visão masculina do mundo desde pequena. Todas as minhas amigas se juntavam numa rodinha para discutir com quantos anos iam casar, como seria o marido, quantos filhos iriam ter, onde morariam… até os nomes dos filhos já estavam escolhidos! Eu sempre acabava emburrada e irritada com aquela conversa enfadonha. Casar pra quê? Tempos modernos, minha gente! Novos conceitos! Melhor juntar, porque quando tudo acabar dá menos trabalho. Nenhuma das minhas Barbies era casada ou tinha filhos. Elas eram executivas bem sucedidas que viajavam com o namorado e as amigas para as Bahamas. Nada de compromisso muito sério. Se ganhasse um Ken novo, o namorado da Barbie mudava.
Certamente que, no meu caso, se um dia decidir casar, quem vai enrolar pra subir ao altar será a noiva.
Vivs é jornalista fajuta, procrastinadora, fã de homens de gravata e amante eterna de salto alto. E escreve mais por essas outras bandas…