ESN: 16675-080201-838850-87
Eles vagam por corredores frios; dos mais puros mármores e granitos reluzentes; compenetrados em sua seriedade e altivez exacerbadas, vagam pelos interiores de seus palácios superfaturados dispostos a tudo; certos de que foram predestinados a contribuir com seus excelsos poderes para que os maus paguem por seus pecados e os bons sejam salvos das agruras e das garras da injustiça. Por isso mesmo, se julgam dotados de poderes divinos e misteriosos. São capazes de ver além das aparências e perceber claramente o que vai pelo mais profundo e recôndito interior da alma humana.
Na Bahia, já se intitularam “acima dos seres humanos comunsâ€. Em outro estado, já se julgaram ofendidos por um mendigo aparecer diante de um de seus iguais vestindo uma roupa rasgada e um sapato furado; recusando-se a julgar sua demanda. Já apontaram seus dedos acusadores e ameaçadores para mães e pais famintos que, num gesto de desespero, roubaram um pedaço de pão; um pouco de manteiga; um sorvete ou um pouco de carne. Condenando-os a viverem no meio de traficantes e assassinos sádicos, por terem roubado para comer. Já clamaram indignados, diante da afronta inimaginável, de terem seus pertences roubados nas ruas; ao serem abordados por assaltantes que não demonstraram pudores diante de seus poderes divinos.
Envoltos em suas togas negras e anacrônicas, sentem-se transportados no tempo para uma era em que o ser humano era julgado baseado em suas posses e em seu parentesco. Não titubeiam por um único instante, em deitar a pesada clava de seu poder sobre os indefesos e miseráveis. Enquanto, ao mesmo tempo, adulam e favorecem os ricos e poderosos. Quando roubam, cometem crimes ou são apanhados em algum delito; o castigo máximo a que estão sujeitos é o de serem recolhidos as suas suntuosas residências e viverem, o resto da vida, recebendo os dividendos de sua desonestidade. Através de polpudas e vultosas aposentadorias e pensões.
Através de seus saberes mÃsticos e insuflados pelos deuses, deturpam a realidade de acordo com sua vontade e com a conveniência do momento. Dizem seguir as leis. Mas, quando é de seu interesse, interpretam essas mesmas leis e as distorcem para acomodá-las aos seus desÃgnios egrégios.
Se você chegou até aqui e não sabe de quem estou falando: “Eles†são os juÃzes brasileiros. Quer saber o motivo disso tudo? Ora, amigo leitor. Se não bastassem os casos do Nicolalau, Paulo Medina (STJ), José Eduardo Carreira Alvim e José Ricardo Regueira, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, o juiz trabalhista Ernesto da Luz Pinto Dória e o procurador Paulo Sergio Leal (Operação Hurricane). Surgem agora esses últimos acontecimentos:
O recente caso Daniel Dantas onde o Ministro do supremo Gilmar Mendes de indigna por um corruptor e um ladrão ser preso pela PolÃcia. Curiosamente, os mesmos argumentos que ele usou para conceder o Hábeas Corpus para Daniel Dantas, não foram tão efetivos para o caso do punguista que tentou roubar o cordão do (mesmo) ministro na Bahia. Mesmo sendo réu primário, tendo residência fixa e não tendo antecedentes criminais; o “facÃnora sanguinário†que sequer conseguiu consumar o furto; segue apodrecendo atrás das grades. Quem sabe, se um milhão de dólares aparecesse…
Em outra participação de nossos “Deuses OlÃmpicosâ€; a chegada de Cacciola ao Brasil foi um festival de escárnio e de achincalhe a uma nação que já não suporta ser ridicularizada. Mesmo tendo fugido da justiça por oito anos e ser declarado foragido; constando na lista de prioridades em relação à caça de fugitivos pela polÃcia brasileira, o ministro do Supremo foi taxativo ao dizer: â€Que Cacciola estava tecnicamente certo†ao afirmar que não poderia ser chamado de fugitivo. O ministro continuou preparando o terreno para mais uma pizza ao comentar: “Vários gestos nossos têm diversos significados. Fazer algo no nosso convÃvio social pode significar uma coisa e, para a Justiça, pode significar outra totalmente diferente. Não estou prejulgando, estou apenas dizendo que várias leituras podem ser feitas a partir de tomada de posições, de iniciativas das pessoas”, (Fonte: Folha On-Line)
Como todo mundo sabe, Cacciola roubou milhões de dólares e tem uma fortuna incalculável no exterior. Não é à toa (pelas declarações do ministro) que Cacciola se diz “tranqüilo†e que “confia na justiça brasileiraâ€.
A pergunta agora é: Até quando?
Pense nisso.
absurdo, cacciola, contradição, dantas, federal, gilmar, mende, polÃcia, privilégios, suoremo
a
SUPREMO PODER, SUPREMOS PRIVILÉGIOS, SUPREMA CONTRADIÇÃO.