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O Brasil é um país cheio de contrastes. Essa afirmação é verdadeira. Mas, não pense que ela se aplica apenas em relação a brutal e perversa concentração de renda que assola nossa nação; e faz com que uma pequena porcentagem da população retenha a grande maioria das riquezas que o país produz.
Ela também pode ser aplicada ao analisarmos o comportamento de nossa população. Vejamos o caso da nova lei que proíbe a direção após o consumo de bebidas alcoólicas. O verdadeiro festival de imbecilidades que vem sendo empurrado goela a baixo da população por alguns dos grandes meios de comunicação chega a enojar.
Todo mundo fica horrorizado ao ver aquelas cenas de desastres onde jovens, na flor da idade, arrebentam-se contra árvores; postes; muros e qualquer outra coisa que “atravesse” em seu caminho enquanto pilotavam seus possantes carros completamente embriagados. Fazem passeatas; plantam jardins e pedem providências das autoridades para que se acabe o morticínio sem sentido que mata uma quantidade de pessoas equivalentes à população de uma cidade todos os anos em nosso país. Se não bastasse a tragédia pessoal dessas famílias, o Estado ainda é obrigado a gastar bilhões de reais com indenizações; despesas médicas; aposentadorias e pensões para as vítimas e para os bêbados que se acidentam.
Então, seguindo o clamor popular e o crescente número de acidentes envolvendo motoristas bêbados, nossas autoridades sempre acusadas de inertes e lenientes dão um soco na mesa e, finalmente, resolvem agir. Proíbem o que deveria ser óbvio para qualquer pessoa normal e decente: Beber e dirigir.
Imediatamente alguns canais de televisão, receosos da perda de arrecadação de anunciantes, mergulham a nação numa campanha estúpida de desinformação visando desacreditar a lei. Lançam campanhas dizendo que se o motorista comer um bombom de licor será preso. Se usar um enxaguante bucal será chicoteado em praça pública. Ora, tenham paciência! E o pior é ver que “técnicos” e “médicos” se dispõem a confirmar essas barbaridades na televisão como se fosse impossível para qualquer ser humano normal, checar essas informações ou mesmo analisar os testes feitos por eles e chegar à conclusão de que são ridículos e tendenciosos.
É claro que se você comer um bombom de licor será pego pelo bafômetro. Basta comer o bombom e imediatamente soprar no aparelho. Uma vez que cinco minutos depois “todo o álcool” que estava contido no bombom saiu da sua boca e não constará nem no seu exame de sangue. É lógico que se você usar um enxaguante bucal com álcool; correr desesperadamente até o seu carro e logo depois, dar de cara com uma blitz na esquina da sua casa; o bafômetro vai te pegar e você vai “em cana”.
Comerciantes sendo entrevistados dizendo: “Meu faturamento caiu 30% por causa dessa lei. Irei à falência se continuar assim”… Quantas baboseiras e imbecilidades juntas. Quantas asneiras jogadas ao público no horário nobre e num espaço que deveria ser unicamente para informar. O governo fez apenas o óbvio e que já deveria ter sido feito há muito tempo.
Nosso povo tem que parar com sua estupidez e com sua constante aversão as normas e a ordem. Ver essas declarações e ações mal intencionadas, me faz lembrar do filme Tropa de Elite. Onde, após o assassinato dos jovens traficantes e viciados que compactuavam com os traficantes da favela, os estudantes feus colegas e usuários de drogas fazem uma passeata pedindo paz.
É a mesma boa e velha hipocrisia em pleno funcionamento e em sua forma mais descarada. Pedem-se penas duras contra os motoristas que bebem e dirigem, matando centenas de inocentes pelo Brasil a fora. Ao serem atendidos, reclamam e choram achando que é um absurdo penalizar quem bebe “um chopinho” e volta para casa dirigindo.
Da mesma forma, clama-se pela interferência das Forças Armadas nas favelas e nos lugares violentos. Mas basta haver uma única morte, e a grita geral clama que os militares saiam. Pois “não são aptos” a apaziguar uma favela. Como se fosse possível fazer isso sem que houvesse um conflito generalizado com muitas baixas entre bandidos, militares e inocentes. Ou vocês acham que os bandidos deixarão seus lucrativos pontos de venda apenas pelos “belos olhos” dos soldados?
O brasileiro acostumou-se a ser um incompreendido. Depois, acostumou-se a ser um tolo e agora, treina para tornar-se um hipócrita.
Pense nisso.
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Texto originalmente escrito em: Visão Panorâmica
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