POLÍTICOS, ELEIÇÕES E O INEXPLICÁVEL.

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Marcelo Crivella - Ética ou Corrupção?

Os fatos abomináveis ocorridos aqui no Rio de Janeiro em relação ao assassinato de três jovens do Morro da Providência, deixam transparecer muito mais do que apenas a violência e a falta de visão ética que alguns elementos de nossa sociedade têm. A entrega ou o abandono dos jovens numa comunidade que tem elementos criminosos rivais à da qual eles residiam; deixa claro que na mente deturpada do tenente que ordenou tal atrocidade, a vida desses jovens (mesmo que fossem facínoras da pior espécie) nada valia. Talvez por serem favelados; talvez por serem reles pobres ou talvez simplesmente por terem tido a audácia de desacatá-lo. O excesso descabido de promulgar-se uma sentença de morte em face da ofensa causada é, nada mais nada menos, que a banalização da violência devido ao clima crescente de impunidade.

Contudo, por trás disso, um relatório da Inteligência do Exército deixa claro que talvez o ato do tenente entregar os jovens aos traficantes da comunidade rival; tenha tido um impulsionador muito mais sutil que a mera imbecilidade preconceituosa do militar. Consta do relatório que um assessor do Bispo/Senador Marcelo Crivella realizou uma reunião com os traficantes do Morro da Providência e “acertou” que “se eles deixassem as obras do ”Cimento Eleitoreiro Social” que Crivella realizava na comunidade fossem concluídas “sem incidentes”; que os traficantes também não seriam importunados pelas forças destinadas a dar segurança ao projeto do Bispo/Senador”.

Mais curiosamente ainda, os órgãos de imprensa passam “de passagem” sobre esse fato. Não dando a devida importância a esse absurdo inominável. Pois, visando se eleger; um político “Senador da República” faz um “pacto” com criminosos para que seu projeto eleitoreiro não seja “incomodado” e não fique marcado pelo estigma da violência. O que podemos esperar caso esse mesmo político seja eleito? O que podemos esperar de um Senador da República que tem e mantém relações de respeito e de interlocução com marginais de altíssima periculosidade? O que esperar de um político que compactua com um crime apenas para que sua manobra eleitoral seja bem sucedida?

A resposta é muito simples, meu caro leitor: Tudo.

Da mesma forma que compactua pela “liberação de um espaço”. Pode compactuar para que seja reprimida a voz que, por ventura, venha a se levantar contra o seu governo. Pode compactuar para que os criminosos ampliem seu poder e influência; desde que para ambos sobre algum benefício.

O mais grave ainda, é que diante de todas essas atrocidades, ninguém se atreve a esticar um microfone e fazer a pergunta derradeira ao Bispo/Senador: “E agora Senador Crivella? O que o senhor tem a dizer sobre isso?”

O silêncio e a compactuação da imprensa com esse tipo de coisa deve-se a que? Talvez se deva ao temor da perda das vultosas verbas publicitárias do governo federal; estadual e futuramente do municipal (caso Crivella ganhe as eleições).

O absurdo vai muito mais além do que o simples ato de um imbecil fardado. Entra e mergulha no âmago de nosso sistema político podre e de nossa sociedade que vive de pires na mão se sujeitando a todo esse aceno populista desses políticos, pastores, padres, artistas, radialistas e outros “istas” que, sem qualquer plataforma ou trabalho sério lançam-se na política apenas para saciar seus egos e encher seus bolsos. Abraçando o veneno do populismo como forma mais simples e fácil de cooptar uma legião de famintos imbecis e descerebrados. Aos eleitores de Crivella; fica minha pergunta: Que projeto relevante o senador apresentou nesse tempo todo que está em Brasília? E antes de ser Senador? E em toda sua vida política? O que ele apresentou? Se você não consegue responder. Talvez esteja aí a razão pela qual votou nele: Sua total alienação.

Tirando o único projeto de interesse realizado no nordeste; que é apenas um projeto eleitoral como o “Cimento Social”; e que usa crianças pobres para atingir e vincular os votos dos atendidos na região.

O que mais esse senhor fez?

Simples. Nada.

Nenhum projeto que preste. Sua última atuação; foi conseguir verbas para que uma maquete da Cidade de Jerusalém dos tempos bíblicos fosse feita e exposta. O mais incrível, é que enquanto o governo libera verbas para a exposição da maquete de Jerusalém; o Hospital do Fundão (referência nacional em transplantes e utilização de células-tronco e pesquisas de alta tecnologia na área médica) morre a míngua por falta de verbas. Realmente; é muito mais importante ver uma bela maquete da Jerusalém Bíblica; do que encarar nossa dura, triste e feia realidade no sistema de saúde. Nenhuma lei relevante produzida por ele foi criada. A fala mansa, a carinha bonita, as roupas bem cortadas e modeladas; talvez escondam muito mais do que apenas um político sem conteúdo e populista.

Com a palavra; o Senador Crivella para tentar explicar o inexplicável.

Pense nisso.

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Texto originalmente escrito em: Visão Panorâmica
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