ESN: 16675-080201-838850-87
Com a passagem do Dia Internacional do Meio Ambiente, o Brasil foi mais uma vez duramente criticado pelos países ricos que jamais devastaram suas florestas e nem dizimaram suas tribos indígenas. Logo, eles têm total autoridade para nos criticarem.
Mas, seria uma infantilidade apenas “criticar as críticas” (sic). Num país inacreditável como o nosso, certamente algum político ou um “técnico” de algum órgão público fará questão de vir a público e mostrar aos gringos que eles estão certos.
E… olha só! Nem precisou esperar o dia acabar.
Na “Cidade Maravilhosa”, a terra que nos deu o representante maior da defesa do meio ambiente no Brasil de hoje, o ministro Carlos Minc; não tardou a mostrar o quão competentes são nossos políticos e técnicos quando se trata de fazer asneiras e cometer barbaridades que, mesmo uma criança de três anos evitaria. Com sua alta capacitação e do alto dos enormes cabides de emprego que se tornaram nossas autarquias, secretarias e ministérios; eles proferem verdades absolutas e tomam decisões totalmente inconseqüentes e irresponsáveis, sem que ninguém tenha que pagar por isso.
O que isso tudo tem a ver?
Ora, a Secretaria do Meio Ambiente determinou que seja feito um aterro sanitário em Seropédica, na área rural da cidade. Até aí; tudo bem. O lixão de Gramacho está exaurido e o aterro sanitário será construído de acordo com rigorosas normas técnicas.
Ótimo?
Acho que não.
O lugar escolhido, segundo a secretaria o ideal, fica exatamente em cima de um aqüífero. Uma enorme reserva de água doce e limpa a grande profundidade que pode servir como fonte de abastecimento humano e reserva estratégica para o futuro; durante a crise da água que, comprovadamente, virá.
Imagine o que os gringos pensariam se descobrissem esse fato? Um país com reservas de água incríveis e que poderia ocupar uma posição chave num futuro próximo, desperdiçar uma riqueza que poderá se tornar estratégica em pouco tempo? Seria um “prato cheio”, não? A defesa da prefeitura é simples: Haverá a impermeabilização do solo e o local será monitorado.
Ora, imagine que você tenha algo muito valioso e que more num lugar cheio de ladrões. O que você faria para proteger seu bem precioso? Certamente não o colocaria na janela e deixaria sua proteção a cargo unicamente da polícia, não é mesmo?
Impermeabilizações podem ser mal feitas (e conhecendo a idoneidade de nossas empreiteiras e de nossos políticos, você acha que esse será perfeito?); equipamentos de monitoração podem falhar e pessoas podem ser displicentes. Seria esta a primeira vez?
Não seria muito mais lógico levar o aterro, mesmo com toda a prevenção e tecnologia, para uma área que não ameaçasse essa fonte de água potável que poderá ser a chave para o abastecimento da Baixada Fluminense no futuro? Não seria mais lógico, agir como a Alemanha que já produz a maioria da energia elétrica que usa através de usinas movidas a lixo? Não seria muito melhor usar essa tecnologia atualizada e de baixos índices de poluição; destinando ao aterro apenas os resíduos finais que seriam da ordem de menos de dez por cento do volume coletado?
Afinal, qualquer criança de segunda série sabe que não se pode colocar um saco de lixo sobre uma caixa d’água. Mas nossos técnicos e nossos políticos acham que não. Afinal, terá uma pessoa olhado o saco de lixo o tempo todo. Se ele vazar, ele avisará. Mas a pergunta é: E a água? Certamente já terá sido estragada e perdida irremediavelmente.
E ainda dizem que o Brasil é um país sério.
Pense nisso.
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Texto originalmente escrito em: Visão Panorâmica
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