LENDAS, MITOS E A INSUSTENTÁVEL LEVEZA DO SER.

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impunidade pol?tica habeas corpus

Viver no Brasil é uma experiência incrível. Gozamos de uma certa liberdade e podemos fazer algumas coisas legais.

Digo isso; porque quem vive nas grandes cidades brasileiras como eu; não pode mais sair à noite e passear com sua família. Nem tão pouco abdicar das grades, dos cães ferozes e das armas.

Digo isso; porque mesmo com tantos problemas e fraudes eleitorais que se “sucedem sucessivamente numa sucessão de sacanagens” (eu sempre quis escrever isso), os tribunais eleitorais ainda dão mais importância ao fato de eu expor aqui minha opinião a favor, ou contra, algum candidato; do que se este mesmo candidato responde a 8.925 processos.

Digo isso; porque mesmo se eu for um funcionário público com um salário de pouco mais de sete mil reais. Mas, num exame de minhas finanças, descobrem que eu gasto por mês mais de trinta mil e, ainda por cima acumulei um patrimônio incrível em pouquíssimo tempo; nada me acontecerá. Pois mesmo que seja preso, meus colegas corruptos se unirão para me libertar. E isso tudo dentro da lei.

Digo isso; porque ao exercer um cargo importantíssimo como o de ministro de estado e ter em minhas mãos as decisões sobre bilhões de reais; e eu, simplesmente armar um esquema para receber uma parte desse dinheiro, sendo flagrado, basta sorrir e alegar inocência. Afinal, a questão não é se eu roubei. A questão é posso roubar muito mais e não me sujaria com uma merreca. Estranhamente, mesmo tendo sido flagrado há poucos dias em ligações telefônicas com um grupo de acusados. E comprando uma mansão de mais de duzentos mil reais a vista em dinheiro. Mas eu juro que o dinheiro é limpo. Fruto de minhas economias. Mesmo que ganhe apenas dez ou doze mil reais por mês e que jamais tivesse essa importância em minhas contas.

Digo isso; porque mesmo após governar um estado riquíssimo por cerca de doze anos e cobrar os mais altos impostos da federação; saio do governo deixando-o praticamente falido e com meus mais íntimos assessores envolvidos nas mais variadas falcatruas. Contudo, basta que eu diga que não os conheço e que sou um “homem de Deus”. E logo terei uma nova legião de eleitores dispostos a me reconduzir ao poder.

Digo isso; porque se eu estiver num dia de fúria e desejar descontar minhas frustrações e problemas, basta que eu pegue minha arma e vá para as ruas. Num país tão maravilhoso como este, posso escolher se me embriago num bar e dirijo em alta velocidade por aí até abater um pobre coitado qualquer, que atravesse o meu caminho. Ou posso ainda matar uma pessoa qualquer para desabafar. É maravilhoso porque, mesmo após matá-la, percebo que ainda estou raivoso; e que posso matar quantas eu quiser. Pois as leis me facultam o direito ao crime continuado.

Digo isso; porque mesmo após matar milhares. Se não for apanhado na hora e nem deixar testemunhas vivas; a polícia desestimulada e mal aparelhada jamais me localizará. Pois se eu não for me entregar, nunca terão meios e nem recursos para me localizar na multidão de rostos. E mesmo que minha consciência pese e eu me apresente; encontrarei um juiz sempre de braços abertos para me condenar a trinta anos que, num piscar de olhos, serão transformados por esse mesmo juiz em dois ou três anos de prisão. Isso se eu não quiser gastar com bons advogados. Aí, mesmo que eu me entregue e confesse; ficarei anos aguardando um julgamento que pode nunca chegar.

Digo isso; porque mesmo que eu roube milhões (e até bilhões). Mesmo que seja preso, basta me declarar doente para que o judiciário desse país maravilhoso se apiede de mim e coloque-me em prisão domiciliar. Lá, enquanto como caviar, bebo champanhe e me divirto com meu novo home theater, vejo meus herdeiros usufruindo os milhões que roubei e deixarei como herança.

Digo isso; porque lá fora, acham que essas coisas são mitos e lendas. Inverossímeis demais para que aconteçam num país tão grande e evoluído quanto o nosso. A estes céticos, entre uma tragada e outra em meu charuto cubano enrolado nas grossas coxas das mais belas mulatas, conto-lhes que uma vez li um livro com um título que me lembrou muito essa minha “Terra Brasilis”: A Insustentável Leveza do Ser.

Enfim; mesmo minhas ponderações não tendo nada em comum com o enredo do livro, o título transmite para mim toda a síntese do que representa a beleza e a benção de ser brasileiro.

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Texto originalmente escrito em: Visão Panorâmica
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LENDAS, MITOS E A INSUSTENTÁVEL LEVEZA DO SER.

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