ESN: 16675-080201-838850-87
Aqui no Brasil, todo mundo que é elevado até algum cargo de direção, coordenação ou que tenha algum poder decisório sobre algo; teima em se achar portador de poderes divinos. Políticos, juízes, administradores do setor público e até mesmo do setor privado. Todos, quase sem exceção, andam de nariz empinado e custam a admitir qualquer tipo de erro de direção. Muito menos se os erros cometidos forem de direta responsabilidade deles. Nosso país ainda é uma república do “você sabe com quem está falando?”
Provas disso não faltam: Políticos flagrados em atos de corrupção e de ladroagem explícitos; sentem-se ofendidos e atacados simplesmente pelo fato de terem sido expostos em suas maracutaias. Funcionários públicos inaptos e de desempenho profissional ridículo penduram cartazes nas repartições com ameaças de prisão e processo, se os atendidos ousarem reclamarem do mau atendimento e de sua incompetência. Juízes indolentes e de mentalidade retrógrada que usam seus cargos apenas para se beneficiar com mordomias e vantagens, acham que suas decisões são inquestionáveis e o fato de levarem anos para decidir um único processo é algo mais do que normal e aceitável.
E agora, o coordenador do curso de medicina da Universidade Federal da Bahia se junta à legião de “autoridades acima do bem e do mal” e joga a culpa de sua própria incompetência e inépcia na organização e na manutenção de um ensino de qualidade em cima do estudante baiano. Segundo ele, a nota obtida pelos alunos deve-se ao baixo “QI” dos estudantes baianos e acrescentou: “O baiano toca berimbau porque só tem uma corda, se tivesse mais, não conseguiria”.
Após a repercussão desastrosa de sua declaração, ele tentou remediar o fato e usou de toda a sua inteligência e de seu “QI” privilegiado ao dizer: “Talvez o ambiente cultural aqui da Bahia não seja muito propício à medicina porque as coisas são mais voltadas para a musicalidade. Se bem que eu nem digo musicalidade porque eu não considero esses ritmos de percussão música propriamente dita”.
Certamente, eu não sou provido de um “QI” tão elevado quanto o dele. Mas, diante dessas afirmações, e ainda mais diante de sua tentativa de “consertar” as coisas; devo dizer que o curso de medicina da UFBA está bem no nível do seu coordenador.
Essas declarações, muito além de refletirem apenas o tremendo preconceito e a tentativa inútil e pueril de justificar a própria incompetência administrativa; mostram claramente o que pensam as “elites” brasileiras. Pessoas que são designadas e chamadas a servir uma comunidade, mas que apenas querem “ocupar” um cargo que lhes dê um bom salário e uma segurança empregatícia. Pessoas totalmente despreparadas e sem a verdadeira dimensão do que representa coordenar e gerir algo.
Ao invés de aceitarem a crítica e repensarem seus métodos de atuação com o objetivo de aprimorarem-se cada vez mais, esses “seres iluminados” correm para nomear um “bode expiatório” que receba a culpa por suas próprias incapacidades. Acham que, agindo assim, enganarão a sociedade e se isentarão da real responsabilidade que tem pelo fracasso daquilo que gerenciaram.
As declarações do senhor Antônio Natalino Dantas deixam claro que, se os estudantes de medicina baianos são burros; ele é um verdadeiro imbecil.
E você leitor, o que pensa disso?
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Texto originalmente escrito em: Visão Panorâmica
ESN: 16675-080201-838850-87
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