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Dois garotos são brutalmente separados de suas mães e passam a viver nas ruas de uma grande cidade. Em países diferentes, em continentes diferentes; mas em uma mesma sombria realidade: A do desamparo e da fome.
O frio da noite os açoita, a fome e o desespero são companheiros de jornada inseparáveis. Crescem analfabetos e sobrevivendo da comida que conseguem encontrar no lixo ou da caridade de pessoas anônimas pelas ruas. O futuro para eles não existe; apenas o presente é importante. Sobreviver. Essa é a ordem e a premissa única. Eles têm pouco mais de quatro anos. Num mundo caótico e violento, vagam pelas ruas desnutridos e com seus ventres inchados e olhar perdido.
Um deles é acolhido e entra numa escolha pela primeira vez. Já quase um pré-adolescente, não sabe ler nem escrever, mas aprende rápido. Evolui rapidamente e devora o conhecimento e as oportunidades que lhe são dadas com a fome própria dos famintos. Ávido e incontrolável, transforma-se num adolescente de sucesso e, apesar de pobre e sem condições econômicas, é convidado a cursar uma das melhores universidades do mundo. Forma-se entre os melhores e, já um adulto, descobre uma técnica inovadora, muito além de seu tempo, que possibilitará a salvação de milhões de vidas através do globo.
Anos mais tarde, no que muitos considerariam o ocaso de sua vida, é agraciado com o Prêmio Nobel de medicina pela inovadora técnica que descobrira. Ao redor do planeta, milhões de anônimos devem, sem saber, suas vidas a esse menino de rua.
Você deve estar se perguntando: E o outro menino?
Bem, ele roubava comida, e foi recolhido por um abrigo. Lá foi torturado por monitores sádicos e, ao escapar pulando o muro, vagou pelas ruas até chegar a uma favela próxima. Tinha pouco mais de oito anos, recrutado como fogueteiro do tráfico, tinha comida, abrigo e a ilusão de poder. Aos dez anos, foi promovido a vapor. Sua precisão em roubar e matar idosos e outras crianças tornou-se lendária. Foi convocado, aos doze anos, para tornar-se segurança da boca de fumo local. Com um fuzil AK47 maior do que ele, sentia-se poderoso e respeitado. Temido até pelos próprios traficantes, sabia que era imune as leis e que, enquanto fosse “de menor” podia tudo. Seu especial prazer era torturar e assassinar friamente os “prayboys” que “davam mole” no morro e tentavam “jogar um caô”, porque não tinham conseguido pagar o pó que cheiraram. Além disso, gostava de atirar “nos Alemão do BOPE” que subiam a favela de vez em quando. Aos treze anos, toda a favela comentou sua morte ao ser, praticamente, cortado ao meio por uma rajada de ponto 30 do “Caveirão do BOPE”. Suas tripas ficaram quase cinco dias espalhadas na subida do morro até que os policiais conseguiram dominar a área e arrastar seu corpo num cobertor velho até o rabecão no “pé do morro”.
Entre essas duas crianças, muito mais do que um abismo de distâncias e de oceanos. Uma única palavra separava suas vidas e determinou seu destino final. Uma coisa simples que, num país desejoso de crescimento, deve brotar por toda parte. Mas que, para nossos meninos de rua (ou mesmo nós); nosso país teima em negar caprichosamente: Oportunidade.
Americanos, podem ser odiados; podem ser taxados como imperialistas e arrogantes; você pode gritar “Yankies Go Home” até suas veias saltarem; pode agitar bandeiras vermelhas e clamar “Che Vive!!!” aos quatro ventos. Mas uma coisa você tem que reconhecer. Os EUA são um dos países em que a oportunidade está a disposição de quem tem garra para procurá-la.
O nosso, infelizmente, está nas mãos de canalhas e aproveitadores. E, enquanto essa situação persistir; oportunidade será apenas uma palavra no dicionário.
