ESN: 16675-080201-838850-87
Desde que o homem primitivo percebeu que, ao enterrar seus mortos nos pântanos, depois de alguns dias do sepultamento uma forma luminosa erguia-se da lama e “galgava” os céus; sua louca esperança de que a vida fosse mais do que aqueles sofrimentos e lutas constantes deu origem ao conceito de “alma”.
Com o passar do tempo e com a organização dos grupos humanos em tribos, a necessidade de explicar-se esse fenômeno natural e o pensamento de que as “almas” deveriam ir para um lugar localizado no céu e que um ser superior deveria ser responsável por criá-las, conduzi-las e julgá-las; os homens idealizaram os “Deuses”. Seres poderosos que controlavam o destino da humanidade e os elementos. Exigindo que fossem seguidos rígidos preceitos e liturgias em sua adoração. Apenas assim, os humanos poderiam obter o que desejavam, através de favores divinos. Caso fossem contrariados, essas divindades derramariam sua fúria sobre a tribo e haveria fome, doenças e morte.
Atentos a oportunidade, alguns indivíduos perceberam que poderiam escapar das tarefas perigosas e da labuta diária nos campos, se fossem responsáveis pela manutenção e pela guarda dos segredos e rituais de adoração dos “Deuses”. Assim, nasciam os primeiros sacerdotes. Homens e mulheres que mesmo não plantando ou colhendo; mesmo não caçando ou pescando; mesmo não enfrentando os inimigos quando a tribo guerreava; recebiam comida, vestimenta, tributos e grande parte do butim das vitórias. Tudo para que “os Deuses” ficassem sempre felizes e cobrissem a tribo com benesses.
Com o passar do tempo, os sacerdotes atingiram tal grau de importância em nossa sociedade; que em algumas culturas esse cargo passou a rivalizar com o de chefe da tribo. Ainda hoje em dia, algumas culturas teocráticas dão mais importância aos sacerdotes e “guardiões da palavra de Deus” do que aos líderes não religiosos.
Curiosamente essa manipulação e usurpação da atividade de “pastor de um rebanho de fiéis”, não tem como privilégio vitimar apenas pessoas de pouca instrução ou cultura. O enorme abismo que a consciência humana encontra na morte e na necessidade de continuação da vida; faz com que qualquer pessoa seja alvo desses espertalhões mal intencionados. Mesmos os mais privilegiados econômica e culturalmente podem ser vítimas de enganadores e aproveitadores.
Por mais paradoxal que possa parecer, o próprio Jesus Cristo era contra os sacerdotes. Em um de seus famosos sermões, ele dizia que não eram necessários templos suntuosos, liturgias complexas e sacrifícios pomposos para adorar-se a Deus. Suas palavras exatas foram: “Onde duas ou mais pessoas estiverem reunidas em meu nome; lá estarei”.
Essa era uma mensagem tão poderosa que os altos sacerdotes judeus conspiraram para que ele fosse silenciado. Pois, se a “onda reformadora” se instalasse, os sacerdotes perderiam seu poder econômico, a pompa e seu meio de vida. Assim, eliminar o nazareno esfarrapado que bradava contra eles, foi uma decisão razoável. Para homens que deveriam prezar a vida e velar belo bem-estar de seu rebanho; matar pela manutenção de privilégios não pareceu pecado.
Pois é, toda essa história foi contada aqui para que você entendesse meu ponto de vista ao ler uma notícia de que a Igreja Renascer e o deputado estadual José Antonio Bruno (DEM-SP), “bispo primaz” da igreja; foram condenados a devolverem aos cofres públicos a bagatela de R$ 1.923.173,95 que foram desviados através da farsa da “Alfabetização de Adultos” promovida pela Igreja Renascer.
Sem nunca apresentar comprovantes de como os recursos foram aplicados e sequer informar os dados dos “alfabetizados” para que fosse possível localizar os assistidos e verificar-se, “in loco”, o trabalho realizado; tanto a Igreja Renascer quanto o “bispo” deputado, tiveram seus bens bloqueados e penhorados à União, até que o valor devido fosse coberto.
Os escândalos se sucedem; os responsáveis pela Igreja Renascer cumprem pena no exterior e respondem a vários processos aqui no Brasil. Estima-se que o patrimônio dos Hernandes ultrapasse os R$ 130 milhões de reais. Mas a legião de fiéis continua contribuindo com sua inocência e com seus recursos (parcos ou não) para que os sacerdotes dessa igreja vivam uma vida de luxo e opulência desmedida. Assim como outras seitas e igrejas que proliferam com o único intuito de abocanhar os recursos dos incautos desesperados.
A religião; assim como a política, para serem bem exercidas dependem de um amadurecimento e um certo “senso de ridículo”. Esses dois elementos reunidos darão ao fiel o necessário discernimento para compreender quando está sendo enganado. Usando, mais uma vez o próprio Jesus Cristo; em suas pregações ele sempre manifestou que deveríamos ter cuidado com os “falsos profetas”.
Pense nisso leitor; Deus ficaria agradecido.
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Texto originalmente escrito em: Visão Panorâmica
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