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Todos reclamam que os homens de bem estão fora da política. É de entendimento geral que a disputa política é um palco onde apenas os canalhas podem brilhar. Apesar de discordar dessa visão e entender que ser precisar compactuar com as “estrelas” desse espetáculo podre, os atores e atrizes de bem podem sim representar seus papéis e saírem aplaudidos ao fim do espetáculo.
Mas as disputas para cargos executivos ou nas eleições proporcionais, sempre foram alvo da voracidade e da ferocidade dos que adoram tirar proveito das prerrogativas dos cargos e executarem seus trabalhos não tão de interesse público assim. Ao vivo e a cores, assistimos ao triste espetáculo de pessoas de bem sendo excluídas do jogo político, simplesmente por não fazerem parte dos “acertos” ou dos acordos”. Invariavelmente, são defenestradas da disputa, muitas vezes sem sequer serem comunicadas, sempre em detrimento “daquele” candidato mais bem colocado ou “daquela” coligação que trará mais cargos ou postos de trabalho no futuro governo e, conseqüentemente, verbas e mais verbas.
E a vítima da vez foi o Coronel do Corpo de Bombeiros do Rio; o Cel. Marcos Silva. Uma figura querida e folclórica da cidade. Ex-Comandante do Gmar carioca e responsável pelo salvamento de milhares de vidas e pelo fato do grupamento carioca ter sido elevado à categoria de um dos melhores do mundo. Sorridente, íntegro e cheio de idéias; o Cel. Marcos foi presa fácil de um “partideco” de aluguel que o convidou para se lançar candidato a prefeito da cidade. Mesmo após ser apresentado em uma reunião do partido como pré candidato que teria o nome submetido à executiva para aprovação final, ele foi surpreendido, dias depois pelo apoio do mesmo partido que o convidara a candidatura do “bispo” Crivella.
Sequer tendo sido consultado ou informado da aliança previamente, o Cel. Marcos ficou sabendo do fato pela imprensa e mostrou seu caráter “soltando os cachorros” nos membros do partido que o convidou e em especial no deputado Sandro Matos; que na tal reunião, teceu mil elogios ao coronel e afirmou categoricamente que o partido não apoiaria Crivella. O deputado ficou indignado e acusou o coronel de “imaturidade política”, afirmando que o coronel não reunia condições de ser o candidato do partido. Estranhamente, a tal reunião que lançou a candidatura do coronel está disponível no YouTube para que todos vejam. Inclusive, nas imagens, ao final do seu discurso o deputado Sandro Matos vaticina: “O Cel. Marcos é o nosso candidato…”
Infelizmente, mais uma vez fica claro que uma negociata ou uma jogada do partido causou o cancelamento da candidatura do coronel. Mais do que isso se mostra claramente que na política brasileira, o que é certo hoje pode não ser tão certo amanhã. Os interesses e as vantagens que venham a ser oferecidas ou pedidas é que determinam a direção que um determinado partido ou candidato vão tomar.
Pessoas como o Coronel Marcos, honradas, honestas e sinceras; são freqüentemente atiradas aos leões e usadas como moeda de troca no jogo sujo que tomou conta de nossa política. Quem não se lembra do caso Antônio Ermírio de Moraes que lançado candidato a presidente e foi “jogado fora” em troca do apoio a FHC sem sequer ter sido informado. Anos depois ao ser perguntado porque nunca mais se candidatara, ele respondeu: ”O que vi na política me deixou assustado e enojado”.
A nós, resta apenas rezar para que algum dia os homens e mulheres de bem voltem a povoar o nosso cenário político.
E você leitor, o que pensa disso?
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Texto originalmente escrito em: Visão Panorâmica
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