No dia 19, quarta-feira, em um dos eventos da Semana da Água, a Prefeitura de Osasco, por meio da Secretaria de Meio Ambiente, lançou o Projeto BDO – Biodiesel Osasco, que visa conservar os recursos naturais e também contribuir para a geração de renda e trabalho na cidade. O lançamento aconteceu no auditório da Faculdade Anhanguera Educacional e teve como público alunos da instituição, principalmente estudantes do curso de gestão ambiental. Ao final todos participaram de uma palestra proferida pelo geólogo Delmar Mattos.
Tendo como matéria-prima a sobra de óleo de cozinha doado pela população e por empresas da cidade, o BDO irá produzir biocombustível, um produto compatível com o diesel utilizado para abastecer veículos pesados, como caminhões e ônibus. Além de aproveitar o óleo usado no preparo de alimentos, que normalmente seria descartado nos ralos das pias, no lixo e até nos vasos sanitários, o que ocasiona poluição do solo e da água, o produto final do projeto é menos poluente que o diesel tradicional proveniente do petróleo. Além disso, sua produção em Osasco irá colaborar com a geração de trabalho e renda para pessoas que estão fora do processo produtivo tradicional.
Osasco é pioneira na Grande São Paulo na introdução desse projeto. O secretário de Meio Ambiente, Carlos Marx, disse no evento que antes de dar início ao BDO, o prefeito Emidio de Souza conheceu, pessoalmente, em outubro de 2007, a experiência desenvolvida com a produção deste combustível em Graz, Áustria, onde toda a frota de transporte público é abastecida com óleo de cozinha transformado em biodiesel. O próprio secretário também participou da viagem.
“O biodiesel produzido dessa maneira evita que o óleo de cozinha vá parar no esgoto, prejudicando, consequentemente rios, córregos e mananciais. Além disso, é 53% menos poluente do que o diesel de petróleo”, citou Marx, que contou ter visitado também outras duas usinas – em Caxambu, MG, e em Indaiatuba, SP. Esta última cidade, com população de 100 mil habitantes, produz uma média de 8 mil litros de combustível por mês. “Fazendo uma comparação com Osasco, que tem hoje uma população de cerca de 750 mil pessoas, fizemos uma projeção e estimamos que daqui a um ano, quando já tivermos passado pela etapa de conscientização e educação dos cidadãos, a cidade estará produzindo por volta de 60 a 80 mil litros de biocombustível ao mês”, disse. As escolas municipais já aderiram ao projeto, tornando-se pontos de coleta do óleo, para posterior armazenamento.
O próximo passo para a concretização do BDO é conscientizar e a mobilizar a população para armazenar as sobras de óleo de fritura e entregá-las em postos credenciados pela administração municipal – igrejas, empresas e restaurantes, além das escolas municipais. Paralelamente será feita análise da capacidade de captação do produto e organizada uma cooperativa de trabalho.
O evento também contou com uma explanação da bióloga da secretaria de Meio Ambiente de Osasco, Paulina Arce, a respeito da colaboração do biocombustível para a preservação dos recursos naturais. “Um litro de óleo de cozinha usado é o suficiente para contaminar dez mil litros de água. O biocombustível pode ser feito a partir de óleos vegetais, como mamona, soja, girassol, milho e amendoim, e também de gorduras animais, como o sebo. Estes óleos, descartados na natureza, poluem não só a água, como também o solo dos aterros, causando sua impermeabilização e prejudicando sua capacidade de biodegradação”, disse.