ESN: 16675-080201-838850-87
É isso mesmo que você leu: Nada como um plágio do título de um famoso livro para encimar esse artigo que fala sobre o bem, o mal e a cara-de-pau de trambiqueiros na visão de um brasileiro.
O brasileiro é um povo religioso por natureza. Cristãos, umbandistas, “crentes”, judeus, muçulmanos, budistas e todas as demais denominações religiosas encontram aqui um terreno próspero e fértil onde cada seguidor pode cumprir os seus preceitos com harmonia e paz.
Como todo país religioso, nosso povo vê o mal e mais especificamente o diabo em tudo que ocorre para nos prejudicar. Mas, com forte oposição; Deus além de gostar de nós, é brasileiro.
Veja o exemplo de Severino:
Severino era um homem bom e simples. Crente fervoroso e seguidor fanático de Jesus Cristo. Severino estava desempregado e passava muitas necessidades juntamente com sua família. Mas ele orava. Orava com fervor e sentia que um milagre aconteceria e sua vida estaria resolvida para sempre. Analfabeto e sem oportunidades, Severino sabia que nada poderia esperar de sua vida profissional; a não ser o duro trabalho na lavoura.
Mas um dia, um “dotor” da cidade; bem vestido e bem falante, apareceu lá na roça e contou a Severino que, se ele votasse no político “X” teria um empreguinho fácil na prefeitura. Severino olhou a sua volta e viu ali um sinal de Deus. Era a sua salvação.
E assim foi. O tal político foi eleito e logo depois começaram os concursos públicos para admissão de novos funcionários na prefeitura. Mas, havia um problema. Como passar na prova se era analfabeto? Severino, um homem de fé, resolveu fazer a prova assim mesmo. Entregaria tudo nas mãos de Deus e de Jesus Cristo. Quando recebeu o papel com as questões e com a folha de respostas, aqueles símbolos estranhos e desconhecidos sambavam diante de seus olhos. Sua cabeça doía e a visão embaralhava. Alguém lhe disse: “Assine aqui”. E apontou o lugar onde deveria apor sua assinatura. Mas, como assinar? O que era assinatura? Severino, então, lembrou-se de quando tirou seus documentos. Uns homens “engravatados” falaram a mesma coisa e apertaram seu dedão numa linha pontilhada no fim da página. E, assim ele fez.
Agora, e as respostas? Desesperado, Severino apelou para as únicas pessoas que poderiam lhe ajudar: Nosso Senhor Jesus Cristo e seu Pai: Deus. Rezou com toda fé que tinha. Apertou as mãos e os olhos, como se isso levasse mais rapidamente a Deus o seu grito de apelo. E, naquele exato instante… deu-se o milagre. Severino passou a entender aqueles símbolos confusos. Como num passe de mágica, sabia ler e escrever agora. E mais; sabia todas as respostas. Estava salvo. O emprego era seu…
Caro leitor. Esse texto conta uma história fictícia. Mas que bem pode ser real. Pois num concurso público realizado na prefeitura de Itabela, interior da Bahia, um analfabeto foi aprovado e após “assinar” a folha de respostas com sua digital, “magicamente” esta se transformou numa linda e bem feita assinatura.
O Ministério Público baiano suspendeu o concurso e descobriu que todos os aprovados eram ligados a políticos locais ou membros da prefeitura. O nosso “Severino”, não teve seu nome divulgado. Mas em sua inocência de “capial”, ao ser confrontado com o “milagre” de sua aprovação e de sua digital ter-se transformou numa assinatura; disse apenas: “Foi Deus que quis assim”.
Essa história me lembrou um certo anão…
Foi ou não foi um milagre digno de Sexta-Feira Santa?
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Texto originalmente escrito em: Visão Panorâmica
ESN: 16675-080201-838850-87
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