caderno de poesias do Paulo Pila

Luz de vela

Na caverna
o meu bichinho
viu uma perna,
um passarinho.
Passa, passa
passarinho…
Quero água
e luz de vela
pra ninar
o meu bichinho.


Um tur

Quando o tatu
e a tartaruga do Artur
se encontram
tratam-se por ta e tu.
É ta pra lá,
é tu pra cá.
Já combinaram até
fazer um tur
em Foz do Iguaçu.


Aritmética

Começou
do zero.

Passou
pela unidade,

dezena,
centena

e agora,
Milena.


Lívia

Quem se alia
vive aliado.

Quem se isola
vive isolado.

Quem conhece a Lívia,
que alívio!

Bia

A Bia não sabia.
Dizia coisas e ria:
só alegria.
Um dia,
a Bia dormiu
de fantasia
e tudo aquilo
que a Bia dizia
que sabia,
mas não sabia
é aquilo que
se chama poesia.


Hortelã

Todas as noites,
ela esperava a noite chegar
trazendo o seu pai do trabalho.

Às vezes era o seu pai
quem trazia a noite dentro
dum saquinho de balas de hortelã.

Ela gostava da noite
porque a noite
tinha o suor do seu pai.

Ela gostava da noite
porque a noite, ela e o seu pai,
brincavam de dar nomes às estrelas.


O cão

As pessoas
apressadas,
o cão olha.


Essa lua

Querida,
essa lua
não cai não!


Urubus

A República
tomada. Urubus
em procissão.

A lagartixa

Natureza viva:
a lagartixa se
espreguiça.


Casa de Arrepiar*

A casa não era
nadinha engraçada…
nem um tiquinho só!

Vai vendo, ó:
tinha furos no teto,
chaves no prego

e um quintal que era brejo.
A casa só de olhar,
dava uma vergonha…

Travesseiros sem fronhas,
janelas sem vidros,
portas sem folhas,
mosquitos aflitos.

Sim, era uma casa mofada
numa rua escura, esburacada.

Nela ninguém entrava
e dela ninguém saía.

Uma vez, a bola caiu lá
e quando o menino foi pegar…
A mãe danou-se a gritar:
— Volta pra cá, volta já!

Um canto sombrio do quintal
— debaixo duma árvore pelada —
até parecia um cemitério
de bolas murchas ou furadas.

Então, me diz aí:
quem é que entraria
numa casa dessas?

Nem mesmo os passarinhos
construíam ali os seus ninhos!

Nem mesmo as formigas
passeavam ali com as amigas!

Nem mesmo as lagartixas
encostavam ali suas preguiças!

Era uma casa abandonada
numa rua escura, esburacada.

Diante da construção antiga,
as pessoas se benziam, faziam figa,
dizendo com a cara assustada:
— É uma casa mal-assombrada!

Nela já viveram
um monstro medroso
e um outro de pijama,
um fantasma doentio
e um vaga-lume febril,
todo sujo de lama.

A casa se localiza
bem perto da divisa,
na esquina dos pensamentos,
próxima à travessa dos tormentos,
vizinha de todos os esquecimentos.

Caso você queira aparecer…
Lembre-se:
É uma casa de arrepiar.
Se tiver coragem, pode entrar!

*poema publicado no meu livro Casa de Arrepiar



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