ESN: 16675-080201-838850-87
O lançamento da candidatura de Fernando Gabeira a prefeito do Rio de Janeiro lança uma luz sobre a escuridão que até então reinava nas eleições cariocas. Recheadas de candidatos sem qualquer identificação com a população ou extremamente populistas; Gabeira é o contra ponto nessa sopa sórdida que se estabeleceu na cidade e no Estado há muito tempo.
Desafiando os “bispos” da Universal, Gabeira lança sobre o Rio um manto de renovação. Sendo um dos deputados mais votados do Brasil, nas últimas eleições, certamente contará com o cacife necessário para brigar com as figurinhas carimbadas de sempre.
Resta apenas saber se ele resistirá as suas próprias idéias. Seu apoio à legalização das drogas, inclusive com episódios de encarceramento, é um ponto que pode ser explorado por seus adversários com o intuito de minar sua popularidade e sua aura de honesto.
Com uma convicção inabalável de que possui as respostas para a verdadeira charada em que se transformaram as eleições cariocas agora, Gabeira alega que trabalhará para a integração com o governo do estado e o federal; mesmo tendo feito uma oposição clara e cerrada a Lula. De uma coisa, pelo menos, ele jamais poderá ser acusado: De fisiologismo.
Seu “racha” com o PT, provocou muito mais problemas do que soluções. E levou embora qualquer chance de ocupar cargos ou postos de destaque. Sem dúvida alguma, esse posicionamento lhe garantiu um eleitorado fiel e um “estigma” de honesto. Pois num congresso onde todos se debandam para o lado que vence a eleição, Gabeira escolheu o mais difícil: afastar-se dos poderosos.
Pesa ainda sobre ele, o fato de ser identificado como “um candidato zona sul”, o que lhe dá pouca penetração nas áreas mais carentes da cidade. Contudo, ele parece estar seguro de que quando começar a campanha, saberá tocar o povo das favelas e das áreas carentes.
Mesmo assim, seus adversários serão meros coadjuvantes nessa briga. Solange Amaral, candidata do DEM e de César Maia, é que menos causará problemas. Com uma votação pífia na eleição passada, ela ainda carrega o fardo da péssima administração do atual prefeito e seu padrinho político. O único que poderá lhe causar alguma dor de cabeça é o bispo/senador Crivella. Pois com a máquina da Universal e sua plataforma populista, ele já é o líder das pesquisas de opinião. Resta a Gabeira, conquistar esse fatia do eleitorado que teima em apegar-se a idéias mirabolantes e a Messias; seguindo a risca a orientação dos pastores. Mesmo sem entender muito bem o que está por trás dessa influência.
De todos os que se apresentaram até agora, Gabeira é sem dúvida o candidato que tem o melhor retrospecto moral. Contudo, resta-nos saber se sua falta de experiência administrativa e o apoio de partidos inexpressivos na cidade reunirão condições de encarar a luta final com Crivella.
De tudo, o mais importante é que o vencedor faça uma administração muito melhor do que a de César Maia. O prefeito que marcou a cidade com o abandono e o descaso.
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Texto originalmente escrito em: Visão Panorâmica
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