Querido(o) leitor(a), não se assuste. O fato que vou narrar hoje se refere a uma menina que adora usar o prefixo “des”. E quando ela fica confusa é quando mais usa deste artíficio. As pessoas até acham graça, mas a menina não vê graça nenhuma.
E aquela tarde ela estava muuuito confusa, a menina. Precisava falar com a Tina, a sua melhor amiga. A Tina estava sem msn. (Cá entre nós, ficar sem msn é o fim para alguns).
A menina andava pra lá e pra cá. Falava sozinha batendo o pé no chão, passando as mãos nos cabelos. “Não é possível. Não é possível”. “Eu desescrevi o número do telefone da Tina aqui nesse caderninho, mas ele sumiu!”
A avó só observava a agitação da neta.
“Caramba estava desescrito aqui. Fui eu mesma quem desescreveu. Não pode ter sumido assim.”
“Filhinha”, disse a vó amorosamente. – Você não o encontrou porque não escreveu o número.
“Desescrevi sim, vó!”
Acontece que a menina tinha a quem puxar. A sua avó também era teimosa:
“Olha, menina! Se você diz que desescreveu é porque não escreveu. Quem escreve não desescreve, será que você me entende?
“Puxa, vó… Pensei que você fosse minha amiga, mas vejo que é minha mais nova desamiga. Eu preciso tanto falar com a Tina e você nem me ajuda. Então vou ficar desmal de você.”
E ficou.
A avó segurou o riso pra não piorar as coisas. Olhou carinhosamente para a neta e falou com firmeza:
– É isso que você quer, sua ingrata?
A menina não disse mais nada, o olhar empedrado já descrevia tudo.
.