Como nada aconteceu? Você quer que eu faça de conta? Jamais, muchacha! Jamais. Vim de uma região onde o passado não passa nunca. De onde vim não cultuamos o esquecimento. Esquecer é morrer que viveu. Aí, vem você e diz que nada aconteceu! Qualé, muchacha! Tenho muito orgulho das coisas que vivi, das que não vivi nada posso falar, tornar-me-ia um vivaldino da ocasião. Portanto, o seu pedido colocou-me em estado de perplexidade. Foda-se o seu pieguismo. Que papo é esse? “O passado é uma velha roupa colorida que não nos serve mais”. Deixe o Belchior em paz! Táqueopariu, muchacha! Ora, esse negócio de trocar de casca já encheu da mesma maneira que a sua falta de pensamentos próprios. Tudo o que você diz é subliminar, torna-se falso, sem convicção. Que mania mais chata de se comunicar por citações. Parece que você se esconde atrás das ideias dos outros, as quais você mal compreendeu! Assim não tem santo que aguente, muchacha! Nós temos um passado sim, o qual também você deveria se orgulhar, mas parece que prefere as ruas empeiradas do esquecimento. Que pena muchacha!
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