17:05 – Diz pra todo mundo ouvir que é criador de ovelhas. Minutos depois, quatro minutos depois. 17:09, na mesa de um bar, desdiz o que disse. Já não é mais um criador de ovelhas. Cansou, ué. O seu barato é outro: Papai Noel. Tá louco, o natal já passou. Dá licença, deixa eu ser o que quiser, esbraveja. Ser Papai Noel achou muito chato. Tudo bem, às 17:13 decide ser então descobridor de mistérios. Descobridor de mistérios… Ih, olha o cara! Algum problema? Só não entende ou não quer entender porque ainda não aprendeu a se achar em si mesmo. Falsa alegria. Não suporta. Coisa nojenta. Isso de insistir, de forçar a barra. Mesmo não querendo, se ilude, toma conhaque, rola na cama e sabe muito bem que há uma distância enorme entre a sua vida comezinha e a que gostaria de ter. Mesmo assim, gosta de gabar-se de si mesmo e das suas incongruências. Gosta de ser assim. Diz-se aprendiz do que faz e do que diz. De manhã é aurora, de tarde é domingo e de noite é pra nunca mais se esquecer. 17:25 – beberica mais um gole de sumiço.
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