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Nelson Rodrigues cunhou uma expressão que se tornaria antológica em nosso paÃs: “Isso é o óbvio ululante!â€
Sem dúvida alguma; essa expressão acertou em cheio o imaginário do povo e se estabeleceu no inconsciente coletivo dos brasileiros, impulsionada pelos polÃticos e seus discursos inacreditavelmente vazios.
Ao afirmar ontem (07/03), durante o lançamento do PAC nas favelas cariocas, que a violência era fruto do descaso, Lula (que não é ululante) disse apenas o óbvio. O descaso começa já na infância; com escolas de péssimo nÃvel e professores desqualificados e desmotivados; que preparam as crianças apenas para tornarem-se analfabetos funcionais sem qualquer poder de raciocÃnio e discernimento.
Passa inexoravelmente pelo acesso a saúde, que é feito de forma humilhante e numa estrutura que visa apenas denegrir a moral dos que a usam e formar uma legião de dependentes de “favores†de polÃticos inescrupulosos.
Por fim, o descaso explode na violência incontida, por leis criadas por infratores e para infratores. Leis que tornaram o ato de ser honesto; num verdadeiro achincalhe. Leis que superlotam as cadeias com ladrões de galinha, de queijo e de manteiga, enquanto traficantes atacadistas, sonegadores e corruptos banham-se nas águas plácidas das piscinas em suas coberturas luxuosas e freqüentam os altos gabinetes em BrasÃlia.
O descaso que, após seu curso normal de barbaridades, torna um povo escravo e sem forças para lutar por seu destino. Entregando-se facilmente a toda sorte de oportunistas e “salvadoresâ€; que querem apenas usá-lo por alguns momentos; tirar o que for possÃvel e vomitar o bagaço o mais longe que puderem.
Descobrir e apontar a face cruel e zombeteira do descaso que mata, maltrata e mutila é simples. Basta que Lula e muitos dos que se encontravam no palanque ou ao longe em suas mansões, olhem-se em seus espelhos lapidados. Basta que olhem para trás, e vejam o caminho semeado com morte, desespero e subdesenvolvimento ao qual legaram ao paÃs.
Mas, o pior de tudo, para que o descaso acabe e seja de vez banido de nosso paÃs; basta você eleitor olhar-se em seu espelho, lapidado ou não, e enxergar atentamente que; o que parece ser óbvio e ululante, na verdade esconde o maior culpado por isso tudo:
Nós mesmos.
PS: Nesse Dia Internacional da Mulher, desejo a todas as mulheres um abraço querido, um beijo carinhoso e peço que mantenham iluminados com seus corações, os caminhos tortuosos da humanidade.
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Texto originalmente escrito em: Visão Panorâmica
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O ÓBVIO. O ULULANTE E O DISCURSO.
