Seca na região do rio Manaquiri, afluente do Solimões, gera desoxigenação da água e morte dos peixes. O rio circunda a cidade de Manaquiri, no Amazonas
A vazante prolongada vem provocando uma mortandade de peixes no rio Manaquiri, afluente no Solimões, à margem no município do mesmo nome, incomum para o período. A falta de chuva no município, localizado a 65 quilômetros de Manaus, provocou uma seca que pode levar a Prefeitura de Manaquiri a decretar estado de emergência e a suspender as aulas devido à dificuldade de transporte das embarcações que levam os alunos às escolas. Manaquiri possui uma das maiores diversidades em espécies de peixe do Estado do Amazonas.
Há três dias, os peixes mortos emergiram subitamente. Ficaram encalhados na beira ou “boiando” no meio no rio retidos pelo vento, causando um impacto visual até mesmo para quem já está acostumado com os fenômenos climáticos da região. O forte mau-cheiro se espalhou para toda a beira, chegando na sede do município.
Durante os 40 anos que vive em um flutuante no rio Manaquiri a aposentada Lucila Tavares dos Santos, 68, diz que é a primeira vez que “vê peixe morto boiando” em pleno final de novembro, período em que deveria começar a enchente nas calhas dos rios amazônicos. Sardinha, surubim, branquinha, curimatã, tucunaré, pirarara, cuiu-cuiu. Não há espécie, das mais frágeis às mais resistentes, que não estejam sendo afetadas pela falta de oxigênio no rio. “Para a gente isso é surpresa. Já vi secar rio e vi peixe morto, mas isso aconteceu em setembro, outubro, quando estamos na vazante”, conta Lucila, moradora da comunidade Poção.
A reportagem de A CRÍTICA esteve no último domingo no município e testemunhou uma situação inusitada para a época: peixes lutando para sobreviver, nadando para canais estreitos, onde ainda resta oxigênio.
Moradores de Manaquiri, acostumados a pescar nos finais de semana, estavam desolados ontem. Félix dos Santos, 52, e a esposa, Maria Eulina dos Santos, 52, passaram a manhã tentando pescar algum peixe sobrevivente em um canal onde ainda havia oxigênio. “A gente vem sempre aqui, mas estou vendo isso pela primeira vez. Os peixes estão morrendo rapidamente”, disse Félix. O pescador Antônio Mesquita, 43, afirmou os peixes estão morrendo por falta de chuva. “Sem chuva, o rio esquenta e eles ficam sem respirar”, explicou.
fonte: A CRÍTICA