O MURO DE BERLIM, A QUEDA E OS ROMÂNTICOS DE CUBA.

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O Muro de Berlim e a Nova Ordem Mundial

Ontem (09/11/2009) foi comemorada a queda do Muro de Berlim. Um dos marcos históricos mais importantes do século passado. Depois de tanto tempo (lá se vão vinte anos) a verdade do dia a dia do berlinense e de muitos habitantes que vivam atrás da “Cortina de Ferro” mudou drasticamente. De uma tutela implacável e total do Estado, esses cidadãos acordaram tendo que “se virar” para sobreviver. O temível e cruel capitalismo os aguardava com suas garras medonhas e sua voracidade decantada pelos idealizadores do socialismo.

Mas, o que aconteceu afinal? Mesmo com grandes problemas e com algumas dificuldades aqui e ali, o ganho para a qualidade de vida dos berlinenses e dos demais povos foi sentido. Áreas pobres, que em 1989 ainda apresentavam marcas das batalhas travadas na Segunda Grande Guerra, hoje são áreas totalmente modificadas e recuperadas. Os cidadãos conseguiram se adaptar e a esmagadora maioria não sente saudades dos “velhos tempos”.

O colapso da União Soviética, que veio logo depois, serviu apenas para mostrar que os governos totalitários podem até existir através do aparelhamento das instituições, da burocracia feroz e do patrulhamento ideológico constante. Contudo, ao menor sinal de fissura nessa armadura carcomida e remendada com muito sangue e pouca liberdade; o regime se devora e acaba sendo destruído.

 

Socialismo

 

O socialismo ou comunismo (na verdade esse último nunca foi aplicado em lugar nenhum) são regimes impossíveis de serem mantidos “naturalmente”. Não sou um cientista político e nem quero me apresentar como o dono da verdade suprema de nada, Apenas faço uma constatação com apoio das mudanças ocorridas na própria China. O ser humano tem a necessidade interior de melhorar suas condições de vida e de acumular bens. Desde os tempos das cavernas somos coletores e adoramos ter “o nosso território”.

A questão da impossibilidade da manutenção do socialismo “original e natural” pode ser expressa com uma constatação (até certo ponto óbvia) e por uma matemática simples: no socialismo “original” (digamos assim) o Estado deve suprir tudo: saúde, educação, trabalho, segurança, alimentação, etc… ao cidadão cabe apenas obedecer, abdicar da propriedade e trabalhar para manter a “Máquina Estatal”. Mas, o que era para ser uma maravilha e um verdadeiro Éden na Terra, acaba fracassando por uma questão de pura matemática. Como foi comprovado pelas experiências no leste europeu, em Cuba, na China, na Coréia do Norte e em outros pontos do planeta: isso é impossível. Com o aumento da população e de suas necessidades, a capacidade do Estado de gerar riquezas e investimentos para propiciar empregos e renda aos seus cidadãos; oferecer terras para produção de alimentos; investir em tecnologias; em modernização da infraestrutura e cuidar de tudo o que lhe é atribuído como obrigação esgota-se rapidamente.

O que ocorre, na prática, é a socialização da miséria. A pobreza aumenta, a renda some e o cidadão mal ganha para comprar o que o Estado não acha que é seu dever fornecer. Com isso; acaba dependendo cada vez mais do Estado que, por sua vez, se vê preso num ciclo mortal. O Estado passa a precisar do cidadão para manter-se e as elites governantes não desejam mudar o “Status Quo” e cortar os seus próprios benefícios. O resultado disso é a opressão do povo. Porque, como todo bom socialista sabe; ninguém ganha mais com o regime do que a cúpula do partido e seus membros de alto escalão. Todos os líderes soviéticos tinham grandes fortunas pessoais e inúmeras propriedades (Leonid Brejnev tinha uma coleção de carros raros). A família Castro em Cuba ídem e o ditador coreano também (só para citar alguns).

A China amargava altas taxas de mortalidade pela fome, escassez de comida, favelização das cidades e uma crescente insatisfação da juventude que fugia para a Europa e para os EUA na primeira oportunidade. Como a China se tornou o gigante que é hoje? Abandonou as raízes do regime e flexibilizou seu sistema de governo. Quem dirá que a China não abraçou o capitalismo (pelo menos a sua maneira)? Só o reconhecimento da propriedade privada e a mudança de toda a sua filosofia econômica possibilitou o crescimento e a modernização do país. A liberdade ainda é um problema sério; mas chegará o dia em que o povo chinês acabará mudando esse estado de coisas.

Por outro lado, na contra-mão da história, temos “os Românticos de Cuba”. Países que se seduziram pelo canto da sereia da “luta proletária por um mundo melhor”. Aqui na América Latina temos exemplos claros na Bolívia e Venezuela. Outros países também têm se rendido ao socialismo preconizado por Chávez como a “grande redenção latina”.

Na Bolívia e na Venezuela podem-se perceber os males do socialismo “original” em ação. A Bolívia era um país pobre e que enfrentava grandes problemas para gerar riqueza e renda para seus cidadãos. Com a ascensão de Evo e seu abraço as idéias de Chávez, o resultado visto hoje é um empobrecimento ainda maior do país e do cidadão. Os poucos empregos que existiam sumiram e a economia está estagnada; gerando um descontentamento geral e a necessidade de injeções de recursos, vindas dos países que ainda apóiam o “sistema” (a compra do gás em volume acima do necessário pelo Brasil e os investimentos feitos por Lula e Chávez lá são bons exemplos). Sem isso, o governo de Evo já teria entrado em colapso pela simples exaustão financeira e a incapacidade de manter as políticas sociais que implantou.

 

Chávez e o Atraso

 

Com a fuga de capitais estrangeiros (pela estatização de empresas e insegurança contratual), a Bolívia e a Venezuela são hoje um deserto de investimentos e de geração de renda. Até a prospecção de uma das poucas riquezas naturais bolivianas, o gás, anda mal das pernas e os problemas de fornecimento começaram a acontecer.

Na Venezuela o socialismo bolivariano de Chávez cobra o seu tributo em vidas e em fome. Enquanto Chávez quer ir à guerra, seu povo sofre escassez de coisas simples como cereais, carne, frutas e verduras. De um país exportador de alimentos, a Venezuela importa hoje 82% do que come e está caminhando a passos largos para um aumento nesse índice, indo para 90% do que consome, no ano que vem.

Não há empregos e, para trabalhar, o venezuelano tem que pertencer ao partido e “jurar lealdade” ao “grande líder”. A menor contestação; o menor pensamento contrário manifestado é punido com demissão, prisão, desaparecimento ou coisa pior. Há milícias sendo recrutadas e todos os níveis de governo e todas as instituições estão aparelhadas por membros do partido. As empresas que investiam na Venezuela se foram, os empregos sumiram e o campo está entregue as baratas pela tomada de fazendas “capitalistas” e “inimigas do povo”. Com a indegurança contratual, legal e da propriedade privada, ninguém se arrisca a investir nada.

O capitalismo não é perfeito e oferece desafios que podem ser injustos para os menos preparados. A ganância humana, a corrupção extrema  a a valorização exagerada do dinheiro como fim e não como meio é o que torna esse regime cruel e voraz. E é aí que a coisa parece indicar a melhor forma de governo. Pois, como dizia Buda: “O melhor caminho é o do meio”.

Quem sabe, então, o mundo acabe chegando à conclusão de que o socialismo “original” ou o “bolivariano” são péssimos sistemas de governo e que o capitalismo é muito voraz para proteger o cidadão. Logo, o melhor caminho seria uma mescla dos dois sistemas: O Estado cumprindo o seu papel de prover a proteção do cidadão e o capital de oferecer oportunidades e renda para aqueles que desejarem.

Esse seria o mundo utópico e feliz onde cada elemento do sistema cumpriria a sua função sem sobrepor-se ao outro e sem exigir que o cidadão venda a sua alma ao dinheiro ou abdique de sua individualidade e de seus pensamentos em prol da manutenção do Estado.

Talvez sejam esses os novos muros a serem derrubados e as novas fronteiras a serem conquistadas.

Pense nisso.

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Este artigo foi escrito originalmente para o Blog Visâo Panorâmica. A reprodução só é permitida com autorização expressa do autor. Solicite atravéz daqui:arthurius_maximus@visaopanoramica.com

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