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O presidente Lula diz que pedir transparência nas obras e nos gastos; que a preocupação dos brasileiros com a possibilidade das Olimpíadas se transformarem numa fonte de corrupção e num festival de propinas; que serão ótimas oportunidades para empreiteiros e políticos aumentarem ainda mais suas fortunas ilícitas em paraísos fiscais é algo que “alimenta a pequinês do Brasil”.
Mas, mesmo com o oba-oba reinante e com a fala presidencial que pode ser chamada de um verdadeiro libelo a corrupção (como, aliás, ele adora fazer), o que Lula esquece é que a matemática e dados coletados e fornecidos pelo próprio governo são implacáveis.
No Pan do Rio de Janeiro, orçado em R$ 1,5 bilhão as obras chegaram ao final pela bagatela de R$ 3,7 bilhões. Como fica fácil perceber pelos números (684% de diferença), o superfaturamento e a corrupção rolaram soltos e até o TCU condenou as obras e constatou que o ar condicionado dos alojamentos dos atletas foi alugado com um sobre preço de 31%. Isso se considerarmos que obras como as estações de esgoto feitas para assistir a Vila do Pan e alguns locais de competição funcionaram apenas durante os jogos e estão desativadas, desde então, com os equipamentos largados ao relento. Muito do que foi investido ali se perdeu ou está apodrecendo. Imagine a festa que vem por aí.
O PAC é outro bom exemplo. Já foram investidos cerca de 53% do total de verbas previstas para todos os projetos anunciados. No entanto, apenas 39% das obras estão concluídas e mais de 11% estão com os orçamentos e gastos condenados pelo TCU devido aos desvios e indícios fortes de corrupção e superfaturamento.
Portanto, falta aos assessores de Lula (e ao próprio presidente) a seriedade de um discurso menos ufanista e mais concentrado em formas de evitar que esse flagelo venha a se apoderar dos recursos destinados as Olimpíadas e a Copa do Mundo e não acabem parando nos bolsos dos mesmos empresários e políticos comprometidos pelas apurações do TCU.
Infelizmente, com toda a indignação mostrada pelo presidente assim que o assunto “controle da corrupção” é mencionado; vemos com toda a clareza que essa parece não ser uma preocupação do governo. Da mesma forma podemos ver isso quando as obras do PAC ao paralisadas pelo TCU e, ao invés de investigações e ressarcimentos, o governo apenas reclama e critica as auditorias realizadas.
Enquanto o oba-oba se espalha, hospitais, escolas e a segurança pública continuam entregues a própria sorte. Basta comentar que a mera aplicação de um valor semelhante ao gasto com os caças que serão comprados pelo Brasil (o que é acertado), um valor equivalente a R$ 4 ou R$ 7 bilhões (dependendo do modelo), correspondem a um ano de orçamento para a educação (aproximadamente) e que se fossem investidos um valor igual para dobrar esse orçamento, nossas crianças e jovens estudariam em escolas de primeiro mundo e teriam direito a professores doutores e a livros que não contivessem palavrões e apelos eróticos dos mais diversos por serem fruto do improviso e da inadequação a educação e a instrução de nossos filhos.
Cuidar para que o legado desses jogos não seja apenas o bolso cheio de alguns é dever de todos nós. Quem diz o contrário é porque já prevê um possível beneficiamento próprio ou de aliados com a bandalheira reinante em nosso combalido país.
Pense nisso e fique atento.
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PAC, PAN, COPA DO MUNDO, OLIMPÍADAS E UMA HISTÓRIA QUE SE REPETE.