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Os fatos acontecidos em Honduras representam uma das maiores aberrações diplomáticas já ocorridas na história e reduzem o protagonismo do Brasil a um papel secundário de infrator das leis internacionais.
Querer convencer que Zelaya “caiu de paraquedas” na embaixada brasileira é enganar o povo e subverter a informação. Afinal de contas é muito estranho que Zelaya tenha se encontrado com Lula há apenas alguns dias e, de repente, desembarque de um avião venezuelano (escoltado por agentes venezuelanos) na embaixada brasileira em Honduras “sem ninguém saber”. Se você prefere acreditar nessa versão, caro leitor, saiba que está comprando gato por lebre.
Mesmo que assim fosse; Zelaya, ao pedir abrigo em nossa embaixada, deve ser submetido às leis internacionais que impedem a execução de atividades políticas e provocações à estabilidade política local, a partir das dependências de nossa embaixada.
O papel de parceiro conivente do Brasil fica explícito quando é permitido a Zelaya agir diretamente do interior de nossa embaixada, como se dela fizesse um escritório político ou seu palanque. Recebendo partidários, jornalistas e um séqüito enorme de pessoas. Essa atitude já provoca retaliações a diversos brasileiros que vivem em Honduras e coloca nosso país numa posição de xeque e de desrespeito as convenções internacionais.
Grandes nomes da diplomacia nacional, como Afonso Arinos, Luiz F. Lampreia e outros; manifestaram as suas preocupações em relação ao mau comportamento e o despreparo da atual gestão do Itamaraty que converteu o episódio numa palhaçada bolivariana. (Antes que alguém diga: Não; eles não são lacaios estadunidenses e nem servos de FHC; só pessoas da mais alta reputação no país e no mundo da diplomacia internacional).
É importante entender que Zelaya foi deposto de acordo com a constituição hondurenha, a qual desejava violar, e que o único erro dos hondurenhos foi o de tê-lo afastado antes de haver tramitado o processo de “impeachment”. E é por isso (além das idiotices cometidas após a retirada de Zelaya) que o atual governo de Honduras pode ser classificado como golpista.
O real mentor de toda essa trapalhada é o principal aliado de Zelaya, Hugo Chávez. Como estrategista muito melhor do que Lula e todos os que o apóiam no Itamaraty, Chávez apenas criou as condições e forneceu os meios para que o ex-presidente hondurenho chegasse até a embaixada brasileira. O ônus total das consequências imprevisíveis que podem surgir desta ação; ficarão por conta única e exclusiva de Lula e do Brasil. Chávez, apenas surgirá como “grande líder e idealizador” se a empreitada der certo.
Lula, mais uma vez, peca pela falta de planejamento e de estratégia nacionalista. Esquece dos interesses da nação para agradar seus “companheiros” de ideologia e arrisca a tradicional imagem de neutralidade que o Brasil possui em nome de alguém que apenas deseja se perpetuar no poder. Além disso, como o Brasil perdeu a neutralidade no conflito, outra nação deverá ser chamada a mediar o imbróglio e ganhar o destaque que deveria ser nosso, como maior potência da América Latina.
Zelaya sabe que perderá totalmente a relevância assim que as novas eleições forem iniciadas. Por isso, busca o claro confronto e o derramamento de sangue, apenas para garantir o seu desejo de perpetuar-se no poder. Mesmo que, para isso, tenha como principal opositora a própria constituição que jurou defender e honrar.
E é esse tipo de gente que o Brasil se empenha tanto em apoiar.
Pense nisso.
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