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Pois é, coisas estranhas acontecem em Brasília. Os políticos adoram falar em democracia, em povo e em respeito as liberdades individuais. Nem é preciso ser uma pessoa muito inteligente para, em dois segundos, perceber que eles ao falarem essas coisas se referem apenas a si mesmos. A democracia é linda; desde que não seja usada para me criticar. A liberdade de expressão é um pilar de nossa sociedade; desde que não seja exercida contra mim. O povo é a razão do meu viver; desde que se mantenha distante e só lembre de mim nas eleições.
Os fatos deploráveis acontecidos no senado ontem (13/08/2009) revelaram que a verdadeira posição do Senador José Sarney, da polícia do senado e de muitos senadores é uma só: A democracia deve ser exercida na base da pancada.
Estudantes que faziam um protesto absolutamente pacífico foram agredidos covardemente por agentes da polícia do senado, assim que preparavam-se para ir embora. Provavelmente visando agradar alguma “vossa excelência” descontente com o protesto, os agentes simplesmente baixaram o cacete em menores e maiores. Tudo no maior espírito democrático.
Mesmo depois dessa violência toda, detiveram os estudantes na delegacia dentro do senado, onde um dos seguranças ligou diretamente para Sarney dizendo: “Eles estão presos e vamos “botar quente” em cima deles para dar o exemplo e acabar de vez com as manifestações” (Relatado por um dos estudantes – Rodrigo Pilha – da UNB).
Um dos policiais manifestou sua vontade democrática abertamente e sem pudores: “- Desce o cacete mesmo! Isso é culpa da Imprensa”. Isso pouco antes de mandar um repórter que registrava a sua fala “tomar cajú” sem “aj” (Leia a reportagem).
Foi necessária a intervenção de vários senadores (como Suplicy e Cristóvam Buarque) para impedir que os estudantes fossem barbarizados na base da chave de braço, safanões, socos e todas as manifestações do espírito democrático e do respeito ao povo que aquela casa tem (Veja a pancadaria aqui).
Enquanto as eleições se aproximam, o Senado brasileiro está completamente imerso em sua pior crise e a nação assiste, impassível e tranquila, ao festival de horrores que toma conta da política nacional. Agredir estudantes que, ordeira e pacificamente, exerciam um direito constitucional é o típico exemplo do desprezo e da verdadeira forma como esses senhores exercem seus mandatos e protegem a democracia que dizem tanto amar.
Enquanto isso, Lula cumpre a sua parte vetando qualquer limitação que possa ser aplicada nas verbas a serem gastas com propaganda e com viagens no ano que vem; liberando estações de rádio para o filho de Renan Calheiros e exercendo uma pressão tão grande sobre o senador Mercadante que este já manifestou o seu desejo de renunciar a liderança do partido. Segundo a Casa Civil, a presidência vetou a limitação porque não quer prejudicar a “divulgação de campanhas de utilidade pública”. É claro que, em pleno ano eleitoral, limitar essas verbas impediriam muito a divulgação das campanhas (nos resta saber se só mesmo as públicas).
Democracia, liberdade de expressão, honestidade, hombridade e respeito ao povo. Coisas que, pelo jeito, passam bem longe dos idealismos e dos projetos do pessoal lá de Brasília.
As eleições estão chegando. Lembre disso.
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Nota do Editor: Nada resumiria o pensamento contido neste artigo como a crônica de Jabor no vídeo abaixo.
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