Sobe? Sobe!

“Sobe? Sobe!” é uma campanha publicitária de um grande banco privado brasileiro. Creio que já viram. O que me atrai, contudo, e gostaria que todos prestassem atenção, é que dentro do elevador onde se encontra o cidadão-padrão classe média, só existem tributos pagos aos cofres públicos (federais, estaduais e municipais), além de ocupações familiares, como o material escolar.

Não há qualquer referências às taxas exorbitantes e agiotagem praticada pelo próprio banco. Ou seja, em linguagem simples o banco questiona a legitimidade do dinheiro destinado aos governos (imposto aparece, sempre, como gasto).

Não estou aqui para questionar a carga tributária brasileira (outra hora falo disso), mas sim para questionar os encargos bancários. Ora, o que é que sustenta a máquina que faz uma nação funcionar? Os impostos! Certamente, haverão de dizer que muito se perde nas maracutaias país à fora. Mas cá entre nós, maracutaia não é privilégio brasileiro e nem de governos! Ou alguém acredita na santidade de Bill Gates, dos Estados Unidos ou dos banqueiros?

A diferença básica é que o dinheiro pago em tributos volta para a população. Os serviços podem até ser precários, mas estão disponíveis para todos. Cabe a nós cobrarmos pela sua melhora, não extinção! Atentem para um detalhe: segundo dados da DataSUS, em 2007 foram executados mais de 1.000.000.000 (1 bilhão) de atendimentos pelo programa no Brasil! É o maior programa de saúde pública do mundo! Não há nada igual! Tem seus problemas? Tem! Mas é um programa novo (foi criado em 1988), está engatinhando. E está sendo aprimorado, o que por certo, levará muito tempo.

Agora, tiremos os tributos dos governos e os repassemos à iniciativa privada: será que a Rede Globo, proprietária da Golden Cross, e a Unimed (só para citar dois exemplos), topariam atender 1 bilhão de pessoas em um ano com os mesmos recursos que o governo federal dispõe? Será que o banco do “sobe? sobe!” se proporia a cuidar da educação, dos aposentados, pensionistas, rodovias, ferrovias, portos, aeroportos, dívida pública e uma série de outros fatores se dispusesse dos recursos que os governos dispõem? Ou será que o dinheiro iria para o bolso do proprietário e acionistas sob a égide de LUCRO?

Não é para se pensar? Pois, sinceramente, pago com honra os tributos estatais sabendo da sua destinação, mas questiono a legitimidade da excessiva carga das taxas bancárias. Não é à toa que os bancos são as empresas que mais lucram no Brasil, há um bom tempo… Investem em programas sociais, mas, todos sabemos, que investir em programas sociais reduz a sua carga tributária. E isso diminui as despesas, que aumenta o lucro…

E aí, sobe!?

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