Em Portugal faltam entre 2 mil a 3 mil profissionais altamente qualificados na área das tecnologias de informação (TI). Esta escassez está a dificultar o desenvolvimento de empresas multinacionais que investiram em Portugal e que «esgotaram» os engenheiros e técnicos disponíveis no mercado. Estas são as conclusões de um estudo da Associação das Empresas de Tecnologias da Informação e Electrónica (ANETIE).
Rui de Melo, presidente da associação, afirmou ao DN que, «desde que se detecta uma falta de profissionais, o sistema demora três a quatro anos a reagir até se formarem pessoas». Na área das tecnologias da informação não só há «pleno emprego», como as escolas não conseguem dar resposta às solicitações do mercado de trabalho».
As políticas de atracção de investimento estrangeiro trouxeram várias empresas para Portugal, que precisam de muitos técnicos e engenheiros. Ao recrutarem, por exemplo, 500 ou mais profissionais destas áreas, «secaram» o mercado, sustentou Rui de Melo. Segundo este responsável, as funções com mais procura (e menos oferta) são os engenheiros de software e programação.
«Nos quadros médios e superiores até existe uma guerra de talentos, ou seja, as pessoas acabam por ter os seus salários inflacionados por estarem constantemente a ser aliciados para mudar de local de trabalho.»
De acordo com o estudo da ANETIE, que resultou de um inquérito respondido por duas dezenas de empresas, as companhias têm de investir 9 a 12 meses para dar aos novos quadros preparação para a sua actividade, período que poderia ser reduzido para menos de metade se o ensino fosse mais adequado às necessidades das empresas. Rui de Melo defendeu uma maior aproximação das universidades às empresas. Neste sentido, a associação vai lançar o prémio Fórmula Profissionais TIC 2008, para distinguir as universidades que mais se destaquem na adopção de medidas para diminuir os défices de competências.
A ANETIE gostaria de discutir o plano curricular dos cursos superiores com as universidades, assim como participar nos estágios e na aproximação às empresas. O presidente da associação defende que o Ministério do Ensino Superior, as universidade, politécnicos, empresas e associações empresariais deviam trabalhar em conjunto na adaptação dos planos curriculares para permitir que os licenciados de Bolonha (que passam a ter três anos de ensino superior) estejam preparados para a inserção no mercado de trabalho.
No caso do ensino profissional, a associação empresarial propõe uma maior adequação às necessidades do mercado e também uma forte ligação às empresas. Rui de Melo destaca que os profissionais destas escolas não devem ser considerados «de segunda» e têm de ter qualidade, embora tenham mais formação prática.
Também a área comercial e de marketing, acrescentou o presidente da ANETIE, é deficitária em termos de profissionais competentes e «está também muito esquecida nas universidades». |- C. A., com Lusa
Fonte = Diário de Notícias