Santos e Palmeiras fizeram justiça ao 0 a 0 no placar. Quem aguardava o toque artilheiro de Alex Mineiro ou Kléber Pereira para dentro do gol esperou sentado (e na chuva, ainda por cima). As equipe protagonizaram um clássico feio, truncado, faltoso e sem brilho.
Se o jogo é de marcação, que pelo menos seja feita de forma organizada. Neste ponto, o Santos definitivamente saiu atrás. Disposto a marcar a qualquer custo (leia-se ‘de qualquer jeito’), os três zagueiros Betão, Adailton e Evaldo formavam uma linha atrás, com o intuito de impedir a aproximação do trio ofensivo Valdivia, Luiz Henrique e Alex Mineiro. Marcinho Guerreiro estranhava a camisa oito de segundo volante e teimava em recuar sua posição de saída de bola, criando um desconforto com a sua dupla Adriano, primeiro marcador pelo meio. Os laterais Filipi e Carlinhos não jogavam com a liberdade de dois alas, e também auxiliavam na defesa.
O resultado foi um bolo de jogadores no campo defensivo, e um Leão inquieto, gesticulando e tentando rearranjar a equipe durante a partida. O treinador reclamava justamente de um time muito recuado, que não contava com o apoio dos laterais no ataque. Soliciou a Carlinhos que ajudasse na saída de bola e que um dos volantes fizesse a cobertura pela esquerda, o que surtiu alguns primeiros efeitos ainda no final do primeiro tempo, quando o jogo ficou um pouco menos amarrado.
Luxa, em seu distinto conjunto de camisa e gravata rosas, confiou no time que treinou e permaneceu sentado durante boa parte do jogo. O Palmeiras inicialmente mostrava maior organização tática e empenho para atacar: marcava bem, tinha saída de bola e arricava-se mais no ataque. Mas o bate-e-rebate dos primeiros trinta minutos de jogo não inspirou o trio ofensivo palmeirense. Valdivia, perseguido em campo, não encostava tanto na dupla Luiz Henrique e Alex Mineiro. O último, por sinal, fez um ótimo primeiro tempo, mas insistia nas infiltrações e dava de cara com o tumulto santista rodeando a área.
Diante de um quadro ofensivamente tão desanimador, os clássicos contra-ataques e bolas aéreas foram as alternativas encontradas pelo Santos. Enquanto isso, o Palmeiras não sabia aproveitar-se da defesa santista que tomou dois gols de bola na área na estréia, e do seu bom cabeceador Alex Mineiro.
Cansados de tanta feiúra em um jogo só, os técnicos resolveram mexer. Luiz Henrique, desajustado em campo, deu lugar ao volante de saída Makelele, obrigando Valdivia a aproximar-se mais ainda de Alex Mineiro. A mudança mais significativa no Santos foi a entrada de um atacante, Wesley, no lugar do meia Rodrigo Tabata, que na teoria implicaria em um time mais ofensivo, mas na prática ressaltou mais ainda a falta de ligação entre o meio e o ataque. E dá-lhe chutão…
Houve sim uma leve melhora no segundo tempo. As equipes de fato criaram um pouco mais: o Santos ganhou em termos ofensivos, e Filipi deu trabalho a Diego Cavalieri e fez o goleiro esticar-se todo para espalmar a bola para escanteio; com o adversário mais solto, Valdivia finalmente conseguiu aproximar-se um pouco mais da área, e o Verdão chutou mais conclusivamente ao gol. Mas nada que enchesse os olhos, e lembrasse os bons duelos que as equipes já protagonizaram. Ruim para o Palmeiras, que não conseguiu se desvincilhar da marcação; e péssimo para o Santos, que mesmo somando seu primeiro ponto no Paulistão, não se organizou na defesa ou no ataque.
O Palmeiras enfrenta agora o Marília, no Bento de Abreu. Um dia depois, o Santos pega o Juventus, no Bruno José Daniel.
FICHA TÉCNICA:
SANTOS 0 X 0 PALMEIRAS
Estádio: Vila Belmiro, Santos (SP)
Data/hora: 20/1/2008 – 16h00min (de Brasília)
Árbitro: José Henrique de Carvalho
Auxiliares: Ednilson Corona e Evandro Luiz Silveira
Público e renda: 11.407 pagantes / R$ 199.220,00
Cartões amarelos: Rodrigo Tabata, Kléber Pereira, Adriano, Adailton (SAN); Martinez, Luiz Henrique, Gustavo, Valdivia (PAL)
Cartão vermelho: –
GOLS: –
SANTOS: Fábio Costa, Betão, Adailton e Evaldo(Domingos, no intervalo); Filipi, Adriano (Anderson Salles, aos 42′ do 2ºT), Marcinho Guerreiro, Rodrigo Tabata (Wesley, aos 22′ do 2ºT) e Carlinhos; Renatinho e Kléber Pereira. Técnico: Emerson Leão
PALMEIRAS: Diego Cavalieri, Elder Granja (Wendel, aos 30′ do 2ºT), Gustavo, Dininho e Leandro; Pierre, Martinez, William (Osmar, aos 18′ do 2ºT) e Valdivia; Luiz Henrique (Makelele, no intervalo) e Alex Mineiro. Técnico: Vanderlei Luxemburgo.